Gustavo Maia
Um dia depois de o procurador-geral da República, Paulo Gonet, denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 aliados por golpe de estado e outros crimes, a tribuna do plenário da Câmara dos Deputados foi tomada por parlamentares governistas e bolsonaristas, que levaram cartazes para se manifestar sobre a denúncia, na noite de quarta-feira.
Enquanto deputados da base de Lula como o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias, focaram no pedido de prisão do ex-presidente, também rechaçando a anistia pleiteada pela oposição, parlamentares como Nikolas Ferreira, Zucco e Zé Trovão, todos do PL de Bolsonaro, citaram “perseguição política” e o aumento da inflação e da fome, em um ataque ao governo petista.
No plenário da Câmara, circulou a avaliação que a direita vem ganhando “de goleada” disputa simbólica, ao diversificar as mensagens diante da peça acusatória contra seu maior líder, mantendo a artilharia contra Lula e a economia.
Para além da análise semiótica, os discursos e os cartazes geraram tumulto e levaram o novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a dar um “pito” nos colegas. “Aqui não é jardim da infância nem lugar para espetacularização que denigre a imagem desta Casa. Não aceitarei este tipo de comportamento”, afirmou.
Após a confusão entre parlamentares, Motta proibiu a entrada de cartazes no plenário, dizendo que a Casa não é de “torcida”, e sim de parlamentares “que têm o poder da fala, de propor projetos e defender suas ideias”.