O preço dos alimentos, quando considerada a média dos itens pesquisados nesse setor, deixou de subir e registrou a primeira queda desde setembro do ano passado.
Segundo acompanhamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a inflação geral e o grupo de alimentação ficaram com preços praticamente estáveis. O índice geral subiu 0,01%, enquanto os alimentos recuaram 0,01%.
Os dados são dos últimos 30 dias terminados em 14 de fevereiro, em relação aos 30 imediatamente anteriores, e refletem o comportamento dos preços na cidade de São Paulo.
Essa queda, no entanto, pode não se sustentar porque está havendo uma troca dos pontos de pressão. Em janeiro, derivados de leite, de carne e panificados seguravam a taxa, e os produtos “in natura”, devido ao clima, pressionavam. Neste mês, os hortifrútis estão em queda, mas produtos industrializados e semielaborados voltaram a subir.
Um dos pontos positivos para o consumidor é que os preços dos produtos básicos caem. O arroz tem queda de 2%, e o feijão, de 3% no varejo. Essa retração ocorre devido à oferta maior desses produtos.
Safra de arroz ganhando ritmo e perspectiva de produção maior provocam queda de 4% nos preços praticados no campo neste mês, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). O mesmo ocorre com o feijão, cuja primeira safra do ano foi boa, e os preços diminuem no campo.
O leite também está com preços mais favoráveis aos consumidores, segundo a Fipe. Houve uma melhora na oferta interna, o que provocou uma queda nos preços pagos aos produtores. Essa tendência deverá continuar nos próximos meses.
Uma das retrações mais importantes de preços é a do óleo de soja. Após acumular alta de 182% para os consumidores no período de 2019 a 2024, o produto volta cair. As altas haviam sido ocasionadas por redução na oferta e elevação dos preços internacionais da soja.
O cenário mudou, e a produção mundial da oleaginosa deste ano será de 412 milhões de toneladas, bem acima da demanda, elevando os estoques finais do ano para 124 milhões de toneladas. Na safra de 2022, estavam em apenas 93 milhões.
As carnes, que vinham com pouca pressão, podem mudar de tendência. A carne bovina, após deflação em janeiro, está com alta de 0,33% neste mês no varejo. Já frango e suíno voltaram a subir no campo, e os preços deverão ser repassados para o varejo.
Pressão garantida no bolso virá do café. O produto mantém preços recordes nos armazéns, o que faz acentuar ainda mais a alta no varejo. Nesta segunda quadrissemana, o café em pó subiu 8%, acima dos 6% de janeiro.
Os produtos “in natura” podem dar um alívio ao consumidor, mas o desempenho do setor ainda depende do clima, que, neste ano, é de muito calor e fortes chuvas.
Os hortifrútis estão com queda média de 2% no varejo neste mês. Frutas, verduras, cebola e batata recuam de preço, mas os legumes, embora com ritmo menor, ainda sobem. Cenoura, chuchu e tomate estão entre as principais altas neste mês. Maracujá, uva e mandioquinha estão entre as principais quedas, segundo a Fipe.
Embarques Em período de safra recorde, a saída de grãos e de farelo de soja pelos portos brasileiros poderá chegar a até 14,8 milhões de toneladas neste mês, acima dos 12,3 milhões de igual período de 2024.
Embarques 2 A saída de soja está estimada entre 8,4 milhões e 11 milhões de toneladas. Os dados são da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), com base nos embarques programados para o mês.
Algodão A China vai produzir 6,7 milhões de toneladas na safra 2024/25, acima do previsto inicialmente. Com isso, produção mundial sobe para 26,2 milhões de toneladas, 200 mil a mais.
Algodão 2 Com a oferta global em alta e a demanda lenta, os preços mais baixos praticados em Nova York impactam os negócios no Brasil, segundo analistas do Itaú BBA.
Algodão 3 Em Mato Grosso, a comercialização atinge 49%, abaixo da média de 61% dos últimos cinco anos. A produção brasileira deverá ser recorde, e os preços internos ficam pressionados pelo patamar internacional, pela maior oferta e pelo aumento dos estoques domésticos.
Efeito dólar A valorização do dólar em relação ao real, porém, poderá atuar como fator de suporte, impulsionando a paridade de exportação e amenizando parte das quedas, segundo os analistas do Itaú BBA.
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