Campanhas de vacinação de crianças e adolescentes nas escolas não são novidade, mas nem sempre foram consistentes. Agora, o governo federal realiza ampla campanha nas escolas públicas de todo o país, com diferentes imunizantes aplicados conforme a faixa etária. A campanha ocorre até o dia 25, com a meta de imunizar quase 28 milhões de estudantes de até 15 anos de idade. Estão sendo aplicadas cinco vacinas previstas no calendário nacional: febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), DTP (tríplice bacteriana), meningocócica ACWY e HPV. A vacina contra a dengue, apesar de indicada para essa faixa etária, ficou de fora.
Historicamente, o uso das escolas como ponto de vacinação já se mostrou eficaz para ampliar o acesso dos mais jovens. Na última década, esses espaços foram fundamentais para impulsionar a vacinação contra o HPV, garantindo a imunização antes do contato com o vírus por meio da relação sexual. Durante a pandemia, vários estados também recorreram às escolas para ampliar a cobertura contra a Covid-19.
Com a atual campanha, o governo sinaliza que passa a reconhecer a vacinação escolar como uma estratégia específica de imunização. Esse passo é significativo e pode trazer efeitos para a ampliação da cobertura vacinal, que vem sendo tão ameaçada pela disseminação de desinformação sobre os imunizantes.
Levar as vacinas para dentro das escolas, ao mesmo tempo em que se fortalece a discussão sobre sua relevância em sala de aula e na comunidade escolar, pode ser decisivo para conter doenças facilmente evitáveis. Campanhas integradas, com múltiplos imunizantes sendo ofertados simultaneamente, permitem alcançar um grande número de pessoas com baixo custo adicional.
Do ponto de vista logístico, muitas famílias têm dificuldades para levar crianças e, principalmente, adolescentes aos postos de saúde. Além disso, a vacinação escolar pode reduzir desigualdades: ao levar a vacina até onde os estudantes estão, eliminam-se barreiras como transporte, falta de tempo dos pais ou desconhecimento.
A vacinação em escolas deve vir acompanhada de ações educativas, fortalecendo desde cedo a consciência sanitária. Jovens conscientes levam informação para casa e podem ajudar a conter um perigoso movimento de desinformação, ao invés de espalhá-lo ainda mais. Ainda assim, a vacinação nas escolas requer a autorização dos pais ou responsáveis, reforçando a necessidade de ações articuladas de conscientização. Mas nem só de fake news vive o mundo digital. A caderneta de vacinação agora pode ser acessada pelo aplicativo do SUS. A versão em papel continua válida, mas a digitalização permite acompanhar o histórico de imunizações e receber alertas sobre novas doses.
O reforço da vacinação escolar é uma iniciativa com forte potencial de ampliar a cobertura vacinal de crianças e adolescentes. Segundo o governo, haverá monitoramento do número de doses aplicadas durante a campanha, permitindo medir sua eficácia e realizar ajustes quando necessário. Trata-se de um passo relevante na direção certa, especialmente em um cenário marcado por desinformação e queda nas coberturas vacinais.
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