Luana Franzão, Beatriz Pecinato
Quais são as mentiras mais contadas pelos candidatos a vagas no mercado? A consultoria de carreiras Robert Half fez esse levantamento, que trago na edição de hoje.
1. Experiência profissional. Inventar ou inflar cargos anteriores é a campeã no ranking de currículos inflados. Lembre-se que mentir não é só inventar algo do zero! Acrescentar funções que você nunca executou ou exagerar na importância do cargo também é desonesto.
2. Habilidades técnicas. Se no seu currículo está escrito “Excel Básico” e você não sabe nem a fórmula de soma, pode apagar a função do CV.
3. Proficiência em idiomas. O mesmo vale para idiomas. Falar “the book is on the table” não significa que você tem proficiência no inglês.
4. Histórico educacional. Não vale acrescentar ao seu histórico uma série de certificados de cursos que não fizeram tanta diferença na sua trajetória. Escolha aqueles que acrescentaram algo relevante na sua formação –estes, sim, são muito apreciados pelos recrutadores.
5. Motivos para desligamentos. Ser demitido não é nada legal e todo mundo sabe. Por isso mesmo, é melhor ser honesto sobre o que aconteceu quando você ocupava outra posição.
Credibilidade é o bem mais precioso…na vida profissional. “O mercado se conhece”, alerta Otávio Lima, gerente da consultoria. Você pode até achar que é bobeira, mas uma mentirinha pode te acompanhar em outras entrevistas, empregos e tudo mais.
E, segundo o especialista, não é tão difícil assim perceber quando um candidato não está sendo totalmente honesto. Os recrutadores estão preparados para procurar inconsistências no currículo e na entrevista –a prática é mais comum do que parece, apesar de não recomendada.
Atenção! Aí vão alguns passos que os recrutadores tomam para garantir que não estão sendo enrolados pelos candidatos.
- Uma análise profunda do currículo: ver se as experiências fazem sentido com as habilidades e funções citadas. Também procuram entender se as datas batem e se a história contada ali é coerente;
- Algumas vagas têm testes e dinâmicas para verificar o nível técnico. É uma forma eficiente de excluir que não atinge o patamar desejado;
- A entrevista é o momento em que o recrutador vai tentar compreender tudo o que viu sobre você até agora: seu currículo, o resultado dos seus testes, seu portfólio. Ele pode fazer algumas perguntas que colocam em cheque as informações fornecidas pelo candidato;
- Um último recurso é buscar as referências da pessoa. Falar com ex-gestores e ex-colegas para saber mais sobre a convivência e o trabalho executado por você.
Eu queria tanto aquela vaga. O que eu faço? Vamos supor que uma empresa que você sempre sonhou em trabalhar abriu uma posição que lhe cabe direitinho. O tal do “match” seria perfeito, mas…você não tem uma das exigências da vaga. A única solução é desistir?
Não, você pode e deve tentar a vaga, segundo o gerente da Robert Half. Contudo, seja honesto e saiba que a ausência de alguma habilidade pode te prejudicar no processo.
- “O entusiasmo e a vontade de fazer acontecer também contam na hora de escolher alguém”, afirma.
- É melhor dizer, por exemplo, que ainda não é fluente em determinado idioma, mas que está disposto a aprender por aquela posição, do que mentir. “Capiche”?
Nada é irremediável. Por que não investir algum tempo para aprender as demandas do mercado? O melhor caminho para não ser desonesto no currículo é adquirir as habilidades mais exigidas.
Demissão…não é motivo de vergonha. Caso tenha sido desligado da última posição que ocupou e o motivo da saída seja questionado pelo recrutador de uma nova empresa, seja sincero. O RH sabe como funciona o mercado de trabalho e não vai te julgar.
Fui pego. Como agir? Bom, agora que o malfeito está feito, só resta pedir desculpas e tentar explicar o porquê de ter agido mal.
O mais importante é não tentar criar outra história falsa para atenuar a anterior, o que deterioraria mais a credibilidade já abalada.
Não é possível garantir que o chefe entenderá os motivos que o levaram à mentira. Contudo, a honestidade é o único remédio para a relação.