Como as Forças Armadas e o agro pioraram o Risco B…

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Matheus Leitão

A cada dia fica mais evidente que o apoio de parte considerável das Forças Armadas, dos empresários do agro e do mercado financeiro à eleição de Jair Bolsonaro foi um verdadeiro tiro no pé. Mais elementos que corroboram essa conclusão foram dados pelos vídeos e transcrições da delação de Mauro Cid, agora tornados públicos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Cid narrou ao ministro Alexandre de Moraes e à Procuradoria-Geral da República o plano elaborado por membros da cúpula do governo Bolsonaro para criar instabilidade e incerteza no país. Um dos principais incentivadores da insegurança foi o general Braga Netto, figura já conhecida por sua postura autoritária. Antes disso, ele havia sido escolhido pelo governo Michel Temer para ser interventor no Rio de Janeiro, onde compartilhava com o também general golpista Eduardo Villas Bôas a admiração de um seleto grupo de empresários bilionários.

Segundo Cid, quem financiou os devaneios autoritários do núcleo bolsonarista foram empresários do setor do agronegócio. Essa é a mesma área da economia que teve muitos integrantes trabalhando ativamente nos últimos anos para associar sua imagem a Bolsonaro, um político cuja carreira se baseou em defender penduricalhos para militares e seus parentes. Ou seja, o agro, setor essencial para o Brasil, resolveu apostar em um aventureiro que nunca pegou no pesado.

Não está na delação de Cid, mas qualquer pessoa que acompanhou a política brasileira nos últimos anos lembra do apoio massivo do mercado financeiro a projetos de direita. Quanto mais à direita, melhor. Dessa forma, Bolsonaro emergiu como o sonho de consumo da elite, os mesmos que vivem cobrando “segurança jurídica” para melhorar o “ambiente de negócios” no Brasil, mas que não hesitaram em apostar em um projeto que alimentava o caos institucional.

Soma-se a isso tudo o apoio dado por parte expressiva do Judiciário e do Ministério Público ao bolsonarismo. Os discursos inflamados de figuras como o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol foram símbolos dessa adesão. Ironia do destino, o governo Bolsonaro foi justamente o que mais atacou prerrogativas do MP e dos juízes.

No balanço final, militares, mercado financeiro e parte dos servidores públicos apoiaram um projeto de extrema-direita cujo objetivo era criar instabilidade no Brasil, colocar a culpa nos opositores e, assim, justificar a implantação de um regime autoritário, deteriorando o “risco Brasil” e, ironicamente, prejudicando a própria estabilidade que tanto dizem defender.



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