E agora, Tarcísio? | VEJA

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Matheus Leitão

 

O deputado Eduardo Bolsonaro elevou o tom publicamente contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, dando mais o passo mais rumoroso no caminho do acirramento entre os postulantes a herdar o eleitorado da extrema-direita nas próximas eleições.

Agora, o cenário de embate foi montado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao anunciar a taxação de 50% dos produtos brasileiros vendidos ao país.

A postura do governador de tentar se equilibrar apoiando inicialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro na condição de vítima de perseguição e, depois, defendendo os empresários paulistas, foi apontado por Eduardo Bolsonaro como farsa. Em postagem na Rede X, Eduardo Bolsonaro classificou o governador de “subserviente às elites”, tensionando a relação conflituosa.

Tarcísio havia respondido de forma cautelosa às críticas do deputado de que ele estaria desrespeitando as articulações de Eduardo Bolsonaro junto ao governo Trump.

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O governador declarou não ver problema na posição do parlamentar licenciado e que estava “olhando para São Paulo, para o setor industrial, para a indústria aeronáutica, de máquinas e equipamentos, o agronegócio, empreendedores e trabalhadores”.

Eduardo Bolsonaro retrucou nesta terça, 15: “Se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades”, afirmou. “Mas como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”, concluiu.

O episódio é mais uma camada na rivalidade entre os dois. Nos bastidores, o então crescimento do governador como eventual candidato do campo da direita nas eleições presidenciais levou parte do grupo a defender, na mesa de negociação, o nome de Eduardo Bolsonaro para a vaga de vice de Tarcísio.

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A proposta desagradou o ex-presidente Jair Bolsonaro, que insiste em ter um nome da família na cabeça de chapa – mesmo que o nome de Eduardo não esteja definido.

Embora ainda prematura, essa composição acrescenta mais um ingrediente na relação conflituosa de Tarcísio com o clã Bolsonaro.

Ao se referir às negociações de Tarcísio de Freitas sobre a taxação de Trump, Eduardo Bolsonaro foi claro em entrevista à jornalista Júlia Chaib: “O Tarcísio tem de entender que o filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca”. E enfatizou: “Qualquer tentativa de nos dar by-pass [atravessar] será brecada e freada”. Nesse caso, o “by-pass” pode ser entendido em mais de um sentido ou ação.

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A partir de agora, qual seja a reação de Tarcísio de Freitas, responder o deputado ou esperar a poeira baixar, o estrago no campo da direita já está dado com a chantagem do presidente Trump.

O boné com a frase “Make America Great Again” usado pelo governador e bolsonaristas nunca teve um peso tão grande para o desgaste político da direita.

E o empresariado mandou o recado hoje ao se reunir com vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, legitimando as negociações institucionais em busca de uma saída para o tarifaço de Trump.



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