Mais de 130 estudantes estrangeiros contestaram na Justiça dos Estados Unidos a revogação dos vistos de alunos universitários por parte do governo do presidente Donald Trump, segundo documentos judiciais obtidos pela agência de notícias AFP.
A demanda, apresentada a um tribunal federal do estado da Geórgia, é direcionada à secretária de Justiça do país, Pam Bondi, e à secretária do Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, além do diretor do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE, na sigla em inglês), Todd Lyons.
Apresentada inicialmente em 11 de abril com a assinatura de 17 estudantes, a petição havia sido assinada por um total de 133 pessoas até terça-feira (15) à noite, segundo os últimos documentos judiciais.
A ação afirma que as autoridades de imigração cancelaram “abrupta e ilegalmente” o status de estudante a partir de uma base especializada de dados de registro, o Sevis (Sistema de Informação de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio), apesar de seus vistos cumprirem “plenamente os requisitos”.
Alguns foram identificados de maneira equivocada como pessoas com antecedentes criminais, acrescenta o documento.
O cancelamento da condição de estudantes “os impediu de continuar os estudos e manter um emprego nos EUA” e os deixou “em risco de prisão, detenção e deportação“, continua o texto, que exige a reincorporação dos alunos ao Sevis, além da restituição de seu status legal.
Alguns estudantes, cujo anonimato é preservado nos documentos judiciais “pelo temor de represálias”, procedem da Índia, China e Colômbia.
Nas últimas semanas, centenas de estudantes estrangeiros —mais de 500, segundo o canal CNN— tiveram os seus vistos revogados, enquanto outros, que participaram de protestos a favor dos palestinos, foram detidos e ameaçados de deportação, apesar de estarem legalmente nos Estados Unidos.
A administração Trump também intensificou os ataques contra várias universidades, incluindo Columbia e Harvard, que acusa de esquerdismo e de permitir o antissemitismo em seus campi.
Nesta quarta-feira (16), o Departamento de Segurança Interna dos EUA declarou que Harvard perderá o direito de matricular estudantes estrangeiros caso não atenda às exigências do governo, que incluem mudanças nos critérios de admissão, cortes em programas voltados à diversidade e restrições a pesquisas com abordagem crítica sobre a história dos EUA.
Em resposta à recusa da universidade, o governo Trump anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões (quase R$ 13 bilhões) em repasses federais e ameaçou suspender benefícios fiscais.
Já a Universidade de Columbia cedeu parcialmente à pressão e aceitou exigências como permitir detenções dentro dos limites da universidade e a intervenção na gestão do departamento de estudos sobre Oriente Médio, retirando o órgão do controle docente.