Lula respira, colhe boas notícias, mas continua no vermelho

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Daniel Pereira

O presidente Lula definiu como prioridade para este ano o que ele chamou de colheita — a entrega de resultados para a população e, com ela, a recuperação de sua popularidade. No primeiro semestre, o plano não deu certo. O governo enfileirou derrotas no Congresso, teve a imagem arranhada por crises, como no caso da suposta taxação do Pix e do roubo de aposentadorias e pensões do INSS, e pouco avançou em áreas prioritárias, como a segurança pública.

Pesquisas divulgadas pelo Datafolha mostraram o tamanho da erosão no prestígio do presidente. Em fevereiro, a reprovação a Lula chegou a 41%, e a aprovação a 24%. Em ambos os casos, foram recordes negativos considerando os três mandatos do petista. Em junho, uma nova rodada revelou que a situação até melhorou um pouco, mas com a reprovação ficando doze pontos percentuais acima da aprovação (40% a 28%).

Mudança dos ventos

Nas últimas semanas, no entanto, o presidente conseguiu colher boas notícias. A primeira delas foi, a partir da derrubada do aumento do IOF pelo Congresso, encontrar um discurso que uniu seu governo, mobilizou a esquerda e rendeu engajamento nas redes sociais: a defesa da “justiça tributária”, ou da ideia de que a gestão petista tenta cobrar mais do “andar de cima” para aliviar o fardo “do andar de baixo”. Essa pregação foi bem-recebida no eleitorado.

Depois, como mostra reportagem de capa da nova edição de VEJA, Lula se beneficiou politicamente do tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pesquisa Genial/Quaest realizada após a divulgação da sobretaxa imposta aos produtos brasileiros revelou que a desaprovação ao governo caiu de 57% para 53%, enquanto a aprovação passou de 40% para 43%, entre maio e julho. Em dois meses, o saldo negativo, que era de 17 pontos percentuais, baixou para dez pontos. 

O presidente também viu avanços na agenda governista. Uma comissão da Câmara aprovou o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até 5 000 mensais. E o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), manteve a maior parte dos decretos que ampliavam o IOF.

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Essa combinação de fatores levou otimismo ao Palácio do Planalto. Até certa euforia. Não porque o governo conseguiu se redimir, mas porque dá os primeiros passos, na avaliação dos governistas, para sair das cordas. Não será fácil.

A rejeição ainda é bem superior à aprovação. Além disso, o respiro dado agora por Lula pode não ser duradouro caso ele fracasse nas negociações com os Estados Unidos sobre o tarifaço, que ameaça a economia e os empregos no Brasil.

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