Marcela Rahal
O senador Sérgio Moro (União Brasil – PR) questionou a falta de provas que liguem os ataques do dia 8 de janeiro contra às sedes dos Três Poderes ao plano de tentativa de golpe, como aponta a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República sobre o caso. Em entrevista ao Amarelas On Air, o ex-juiz da Operação Lava a Jato afirmou que não vê evidências suficientes para confirmar a relação entre os fatos.
‘A meu ver, ali foi uma multidão que fez um ato tresloucado, reprovável, porque não pode invadir prédio público, assim como a gente é contra a invasão de terra, não dá para defender que se invada e destrua o patrimônio público, mas dizer que aquilo foi parte de um plano de golpe é um pouquinho difícil e não existem provas sobre isso’.
Segundo a PGR, Bolsonaro foi o líder da trama golpista que culminou no atentado à democracia. Outras 33 pessoas também foram denunciadas por tentativa de golpe de estado, em 2022. O plano também envolvia as mortes do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do então presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Sobre a possível participação do ex-presidente no plano golpista, Moro preferiu não opinar. ‘Eu não posso fazer uma avaliação de mérito profunda porque eu não vivenciei os fatos. Eu não conheço todas as provas. O que eu posso dizer é o seguinte: quando eu estava na CPMF do 8 de janeiro e nós vasculhamos ali o material probatório, tivemos acesso a depoimentos, e vendo agora também a própria denúncia, tem uma dificuldade em se relacionar o 8 de janeiro com o que aconteceu antes’, e completou: ‘Faltam, pelo menos, elementos probatórios sobre isso. Se é isso que aconteceu, eles não vieram à tona até o momento, e se esses elementos não vieram à tona até o momento, normalmente, o que se presume é que não houve de fato’.
O ex-ministro do governo Bolsonaro também defendeu que o julgamento envolvendo o ex-presidente seja realizado na primeira instância e não no STF. Moro acredita que essa seria a melhor alternativa para um processo ‘justo’ pelo fato de alguns ministros já terem se manifestado sobre o tema e também para evitar a participação do ministro Alexandre de Moraes que é vítima do processo.
‘A impressão que todos têm é de que esse é um jogo jogado, que os ministros já têm a sua convicção e que teria havido uma tentativa de golpe e que o Bolsonaro seria condenado. Espero que isso não seja realidade, mas é a impressão geral. Se mandar para a primeira instância, vai ser julgado por um outro juiz com técnica, vamos dizer assim, com aparência de imparcial. Porque não só a imparcialidade é importante, mas a aparência do imparcial também é fundamental’.
Na entrevista, Moro ainda falou sobre a possibilidade de anistia aos condenados do 8 de janeiro, as recentes anulações de condenações da Operação Lava a Jato e a expectativa para as próximas eleições. Assista a íntegra.