Ricardo Chapola
O PT usou quase 600.000 reais dos recursos que recebeu do fundo partidário para contratar a produtora responsável pelo evento de campanha de Guilherme Boulos (PSOL-SP), nas eleições do ano passado, no qual uma artista cantou o Hino Nacional em linguagem neutra.
A empresa é a Zion Produções, fundada em 2018 e sediada em São Paulo. Na prestação de contas que apresentou à Justiça Eleitoral, o partido justificou o gasto como “adiantamento a fornecedores”.
De janeiro até março deste ano, o PT registrou 10,1 milhões de reais em despesas. A maior delas foi com a Fundação Perseu Abramo, entidade vinculada ao partido e para a qual repassou 2,3 milhões de reais. A segunda foi justamente para a contratação da Zion Produções.
Em nota, o partido explicou ter contratado a empresa para produzir a festa de aniversário de 45 anos da legenda, realizado no mês passado, no Rio de Janeiro.
A Zion ficou conhecida nas eleições municipais do ano passado. Ela foi contratada pela campanha de Guilherme Boulos (PSOL-SP), então candidato à prefeitura de São Paulo, para organizar um comício na zona sul da capital paulista. A produtora, por sua vez, contratou a artista que alterou a letra do Hino Nacional — o trecho “dos filhos deste solo” foi substituído por “des files deste solo” –, o que provocou uma enorme polêmica.
O caso viralizou nas redes sociais e foi explorado por adversários de Boulos para desgastá-lo na campanha. Na ocasião, o então candidato do PSOL negou que tivesse pedido que a artista mudasse a letra do hino e responsabilizou a produtora. Para contratar a Zion, Boulos pagou 450.000 reais. O contrato com a produtora foi rompido pouco tempo depois.
Receitas
O PT também apresentou à Justiça Eleitoral o detalhamento das receitas da legenda. Em três meses, a sigla recebeu 11,7 milhões de reais. Quase todo esse valor oriundo do fundo partidário. Um fato curioso é que os petistas receberam somente uma doação de pessoa física até agora. Valor: R$ 50.