Daniel de Mesquita Benevides
Fred Astaire era o dry martíni dos dançarinos. Clássico, original, elegante. Mil adjetivos se aplicam à sua figura esguia. Raramente o de bêbado. Mas foi o que aconteceu nas filmagens de “Duas Semanas de Prazer”, em 1942.
O roteiro pedia que dançasse como se estivesse alcoolizado. Astaire decidiu-se pela máxima autenticidade, um aceno ao método do Actors Studio. Tomou dois shots de bourbon no primeiro take. No sétimo e último já tinha entornado oito shots. Seus passos ficaram cambaleantes, sua expressão, confusa, num efeito cômico.
Ele nasceu num 10 de maio, em 1899. Próximo, no dia 4, mas em 1929, veio ao mundo outro símbolo de elegância no cinema: Audrey Hepburn. De início bailarina e modelo, firmou-se na carreira de atriz depois que a escritora Colette a viu numa peça e a indicou para a versão de seu romance “Gigi” na Broadway. O sucesso foi tal que logo ela estava flutuando na telona.
No papel de Holly Golightly, em “Bonequinha de Luxo”, de 1961, ela toma várias bebidas, sempre com um sorriso encantador no rosto. Variam de coquetel de champanhe a Mississippi punch (rum, conhaque e bourbon, mistura explosiva), passando por manhattans e white angels. Este, ela pede no Joe Bell’s bar, especificando: “É algo novo… Metade vodca, metade gim, sem vermute”.
É um drinque poderoso, um dry martíni mesclado, em que não há o elemento suavizante. Não à toa, ela pede a seu acompanhante: “Prometa que só vai me levar para casa quando eu estiver bêbada, bastante bêbada”. É o desejo que às vezes nos acomete, pobres mortais. Beber como se não houvesse amanhã, esquecer de tudo, deixar-se levar pela bruma anestesiante do álcool.
Recentemente, Ariana Grande fez uma homenagem à figura de Hepburn ao vestir o mesmo Givenchy usado pela atriz em “Bonequinha de Luxo”. Em lugar do preto, Ariana usou uma versão pastel —aliás, ela é o “rosto” da Givenchy desde 2019.
Foi no Globo de Ouro deste ano, ao defender as cores de “Wicked”. Interpretando Glinda —que viraria a Bruxa Boa do Norte—, ela também foi indicada ao Oscar. O livro “O Maravilhoso Mágico de Oz”, de L. Frank Baum, do qual se originou a história de “Wicked”, foi lançado nos EUA há 125 anos. Já o filme clássico com Judy Garland surgiu em 1939, com efeitos especiais impressionantes para a época.
Nele, Frank Morgan interpreta quatro papéis: o charlatão professor Marvel, o carroceiro da Cidade das Esmeraldas, o guarda do palácio —que proíbe a entrada de Dorothy, o homem de lata, o leão e o espantalho— e o próprio Mágico de Oz.
Curiosamente, sua família detinha os direitos de venda do bitters Angostura nos EUA, Canadá, México e Cuba. A Angostura, como se sabe, é fundamental para a coquetelaria. Talvez por isso tenham criado um ótimo coquetel com seu nome. Surgiu em 1944, no “The Standard Cocktail Guide”, de Crosby Gaige.
Frank Morgan
- 45 ml de rum dourado
- 30 ml de xerez Lustau
- Um lance de Angostura
Mexa os ingredientes com gelo e coe para uma taça Nick & Nora gelada. Esprema uma casca de laranja sobre o drinque e a utilize como guarnição
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