O ex-assessor do presidente Donald Trump, Steve Bannon, fez uma saudação nazista nesta sexta-feira (21) durante discurso na Conferência de Ação Política Conservadora (Cpac), nos Estados Unidos. Um gesto semelhante foi feito pelo bilionário Elon Musk, que também participa da Cpac, um dos evento políticos da direita mais importantes do mundo.
O gesto de Bannon foi recebido com aplausos pelo público. O ex-assessor de Trump, hoje uma figura influente na mídia conservadora mas que não é mais próximo do republicano, inflamou a plateia ao discursar sobre a eleição de 2028 e reforçar a ideia de uma continuidade de Trump no poder nos EUA —algo que, legalmente, não seria possível— provocando gritos de “queremos Trump” e repetindo ele mesmo: “Queremos Trump em 28”.
A Liga Antidifamação, uma organização de combate ao antissemitismo, descreve a saudação nazista como “levantar o braço direito estendido com a palma para baixo”. Defensores de Bannon tentaram minimizar a controvérsia, classificando o gesto como uma “saudação romana”, argumento frequentemente usado para dissociá-lo de sua conotação fascista. No entanto, historiadores destacam que essa saudação foi adotada pelo ditador italiano Benito Mussolini nos anos 1920 e posteriormente pelo regime nazista na Alemanha.
O líder da ultradireita da França, Jordan Bardella, discursaria no evento nesta sexta e, após o gesto de Bannon, cancelou sua participação. Bardella, representante do partido Rally Nacional da França, justificou a desistência alegando que a ação de Bannon fazia referência à “ideologia nazista”. “Ontem, enquanto eu não estava presente na sala, um dos palestrantes, por provocação, fez um gesto que alude a essa ideologia. Portanto, decidi cancelar imediatamente minha participação prevista para esta tarde”, afirmou em nota.
O evento também foi marcado pela presença de Musk. O bilionário não apenas discursou, mas empunhou uma motosserra no palco, símbolo de sua campanha contra a burocracia federal, em meio a cortes massivos no funcionalismo público. O artefato foi entregue a ele pelo presidente argentino, Javier Milei, outro nome forte da direita global.
O discurso mostrou a evolução do CPAC de uma conferência conservadora tradicional para um comício totalmente centrado em Trump. Bannon reforçou a posição atacando os oponentes políticos: “A única maneira de eles vencerem é se recuarmos, e não vamos recuar, não vamos nos render, não vamos desistir, vamos lutar, lutar, lutar”, afirmou, em referência ao que disse Trump logo após sobreviver à tentativa de assassinato que sofreu durante a campanha eleitoral de 2024.
