Com prisão cada vez mais próxima, aliados de Bolso…

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Marcela Mattos

A denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) imputou cinco crimes ao ex-presidente Jair Bolsonaro por supostamente arquitetar um plano para um golpe de Estado após sair derrotado nas eleições de 2022.

Se a peça for aceita na íntegra pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro pode ser condenado a até 40 anos de cadeia. Com a popularidade ainda em alta, o ex-presidente e seu entorno espalham que uma eventual prisão ensejará uma reação por parte da claque bolsonarista, a ponto de descambar para algum tipo de convulsão social — o mesmo argumento, vale dizer, que petistas propagavam antes da prisão de Lula.

Levantamento feito pelo Paraná Pesquisas apontou que, se a eleição fosse hoje, Bolsonaro seria o único candidato a superar o atual presidente no primeiro turno – na segunda rodada, o ex-capitão venceria por 45% a 40%. Aliados do capitão afirmam que, se estiver fora do páreo, qualquer nome indicado por ele herda ao menos 30% de apoios na transferência dos votos.

Bandeira branca

Diante desse cenário, uma tropa menos incendiária que aconselha o ex-presidente tenta alcançar um cessar-fogo que, em tese, beneficiaria tanto o Supremo quanto Bolsonaro. Conforme esse acordão que está em gestação, o ex-presidente não seria preso, permaneceria inelegível e distante das urnas e, em contrapartida, baixaria as armas e evitaria reações contundentes contra a Corte.

Hoje, a direita trabalha principalmente em duas frentes: eleger um presidente aliado em 2026 que conceda algum tipo de indulto ao ex-capitão e para formar uma bancada de mais de 50 senadores, número que dá guarida para a aprovação do impeachment de ministros do Supremo. A proposta que lideranças do Centrão querem levar ao STF passaria por deixar Bolsonaro fora da cadeia e, de tabela, sem endossar um revanchismo contra a Corte.

Resta saber se a imprevisibilidade do líder da direita e a indignação de ministros do STF, aviltados pelo ex-capitão, vão deixar o plano prosperar. Um dia após a denúncia ser oficializada, o ex-presidente deu o tom que pretende adotar de agora em diante. “O tempo todo [dizem]: ‘Vamos prender o Bolsonaro’. Caguei para a prisão”, disse durante um discurso.



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