Marcela Mattos
Interlocutores frequentes de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) dizem ter ouvido do governador de São Paulo a previsão de que a sua jornada política está com os dias contados.
A declaração se deu em meio à confusão gerada por uma entrevista do ex-presidente Michel Temer à Band no último domingo, 11. Aos jornalistas, Temer relatou manter conversas com governadores cotados a disputar a Presidência em 2026 e disse que sugeriu a eles uma união de candidaturas do campo da centro-direita em torno de um projeto para o Brasil.
Tarcísio foi um dos citados por Temer como um desses contatos. O ex-presidente também detalhou a reação do governador paulista, que teria dito que o Brasil “precisa de uma nova Ponte para o Futuro” e que um projeto para o país é “uma coisa importante”.
O relato serviu para alimentar o clima de desconfiança entre Tarcísio e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que viram na articulação um movimento de excluir o ex-capitão, que está inelegível e é réu em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF), da cena eleitoral.
Depois da repercussão com o assunto, Tarcísio conversou com aliados de Jair Bolsonaro e voltou a repetir que ele não tem em mente nenhum projeto nacional. Ao contrário disso, a intenção é apenas tentar mais um mandato à frente da gestão paulista.
Depois, o governador promete fazer as malas, deixar a política e se dedicar aos seus negócios e à sua família. A fala serviu para amenizar a crise.
Como mostra reportagem desta edição de VEJA, Jair Bolsonaro e seus aliados passaram a disseminar que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pode ser a candidata do grupo em 2026 – um movimento explícito para o ex-presidente continuar com as rédeas do jogo.
A ascensão do nome de Michelle ocorre justamente no vácuo da desconfiança de Bolsonaro sobre Tarcísio, o candidato dos sonhos entre os políticos de centro e de figuras de peso do mercado.
Para se candidatar ao Palácio, Tarcísio tem de deixar o mandato de governador até abril do próximo ano. Bolsonaro, por sua vez, trabalha para repetir a estratégia de Lula e manter o seu nome na urna mesmo estando inelegível – como ele próprio admitiu em entrevista ao UOL, um jeito de não “deixar de ser uma pessoa procurada”.



