A Disney suspendeu cerca de 45 funcionários venezuelanos, colocando-os em licença não remunerada, após a Suprema Corte dos Estados Unidos autorizar a revogação do status temporário de imigração que protege cerca de 350 mil imigrantes no país, confirmou a empresa à AFP na quinta-feira (22).
De acordo com o jornal Miami Herald, a gigante do entretenimento informou aos trabalhadores que eles serão demitidos após 30 dias se não encontrarem autorizações de trabalho alternativas.
O Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês) dá a cidadãos que não podem retornar em segurança aos seus países devido a guerras, desastres naturais ou outras situações excepcionais, o direito de residir e trabalhar legalmente nos EUA.
Um porta-voz da Disney informou em comunicado que os funcionários afetados foram colocados em licença com benefícios para assegurar o cumprimento da lei. No entanto, confirmou à AFP que eles não receberão remuneração durante esse período.
“Estamos comprometidos em proteger a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os nossos funcionários que podem estar lidando com as políticas de imigração em evolução e como elas podem afetá-los ou a suas famílias”, disse a empresa em comunicado.
De acordo com o Miami Herald, os funcionários da Disney receberam ligações e emails um dia após a ordem da Suprema Corte. Foi explicado que a partir de terça (20), “devido à situação única”, eles estavam em licença não remunerada de 30 dias, dizia a mensagem enviada aos funcionários venezuelanos.
“Se você não fornecer uma nova autorização de trabalho válida ao final da licença, seu emprego será encerrado”, dizia o email enviado um dia antes de o Departamento de Segurança Interna atualizar sua decisão, que não forneceu nenhuma diretriz pública aos empregadores de beneficiários do TPS.
Não se sabe quantos dos afetados trabalham na Flórida, onde a empresa emprega cerca de 82 mil pessoas, principalmente em seu parque temático em Orlando.
O governo do democrata Joe Biden concedeu o TPS a centenas de milhares de venezuelanos, por considerar o regime do ditador Nicolás Maduro autoritário e que coloca seus cidadãos em risco.
Em janeiro, coincidindo com a posse do terceiro mandato de Maduro, acusado por Washington e por grande parte da comunidade internacional de fraudar a última eleição, Biden estendeu o TPS para os venezuelanos por 18 meses, de 3 de abril de 2025 a 2 de outubro de 2026.
No entanto, o governo de Donald Trump, o qual muitos venezuelanos-americanos apoiaram na última eleição, decidiu revogar esta extensão para cerca de 350 mil cidadãos nos EUA.
Na segunda (19), a Suprema Corte permitiu suspender a prorrogação do TPS enquanto um tribunal de apelações analisa uma ação movida por diversas partes afetadas.
Uma funcionária da Disney contatada pelo Miami Herald disse que se sentiu muito angustiada após ser suspensa do trabalho. A mulher, de aproximadamente 40 anos, afirmou ao jornal que tem contas a pagar, acabou de renovar o contrato de aluguel e seu filho vai para a faculdade.
Ela pediu para permanecer anônima por medo de que falar publicamente pudesse comprometer suas chances de retornar ao trabalho ou levar a retaliações.