O bispo emérito de Blumenau (SC) dom Angélico Sândalo Bernardino morreu no fim da tarde desta terça (13) aos 92 anos.
Ele era um melhores amigos do presidente Lula, que o visitou no começo do mês e disse ao religioso que ele era “o maior bispo do Brasil”.
Dom Angélico e Lula se conheceram na década de 1970, na época das grandes greves do ABC. Ele era bispo da pastoral operária.
“Ao longo de nossas vidas, dividimos muitos momentos e histórias. Eu o conheci durante as greves dos metalúrgicos do ABC, nos anos 70 e 80. Foi quando nos tornamos amigos”, afirmou o presidente em suas redes sociais no dia da visita.
Dom Angélico, que tratava de uma ostiomielite no fêmur, ficou tão feliz com o encontro que chegou a se levantar, o que não consegui fazer havia muito tempo, segundo o padre Antônio Leite Barbosa Júnior, da arquidiocese de São Paulo e braço direito do bispo.
Dom Angélico batizou os netos de Lula e de dona Marisa. Em 2017, ele deu a unção dos enfermos a ela no hospital Sírio Libanês, onde a ex-primeira-dama estava internada por causa de um AVC. Depois da morte, rezou a missa de corpo presente e a missa de sétimo dia.
Um ano depois, Lula foi preso, exatamente em 7 de abril, dia do aniversário de Marisa. O petista chamou dom Angélico para que celebrasse um ato ecumênico em homenagem a ela antes de ser encarcerado.
Em 2022, o religioso celebrou o casamento de Lula com a atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja.
Dom Angélico se notabilizou por enfrentar a ditadura militar. Ele era ligado ao então arcebispo de São Paulo dom Paulo Evaristo Arns.
Destemido, ele contrariou a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e concedeu uma entrevista à coluna em junho do ano passado condenando o projeto de lei que previa a prisão de adolescentes que fizessem aborto, mesmo quando estupradas.
“O aborto é um crime. Está certo. Mas espera um pouco! A mulher é frequentemente a maior vítima dessa situação. O que mais há na sociedade é machismo”, disse. No caso de mulheres estupradas que engravidam e fazem aborto, afirmou, a situação se agrava. “A pessoa jamais poderia ser punida, porque é vítima.”
“Chegou o momento de focarmos nesta problemática de maneira global, e não somente de criarmos leis para aumentar a punição”, pregou Dom Angélico.
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