Edifício Mesbla, marco do Rio, vai virar residencial – 28/02/2025 – Mercado

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Nicola Pamplona

A onda de retrofits de prédios famosos do Rio de Janeiro chegou a Edifício Mesbla, um dos símbolos da arquitetura art-déco do centro da cidade e famoso por sua torre-relógio de 100 metros de altura. O edifício voltará a ser residencial, após anos sediando escritórios.

O prédio foi vendido no fim de janeiro pela São Carlos, administradora imobiliária do grupo 3G, por R$ 21,7 milhões. A compradora, Inti Empreendimentos, prevê um residencial com 192 apartamentos, entre estúdios e quarto e sala, com área média de 38 metros quadrados.

É mais um exemplo do aquecimento do mercado imobiliário carioca após a aprovação de uma série de leis municipais regulando, entre outros aspectos, a construção de unidades menores, a reconversão de edificações tombadas e incentivos à empreendimentos no centro da cidade.

Essa onda já levou a projetos como o do também histórico edifício A Noite, antiga sede da Rádio Nacional, que será transformado em residencial pela Brookfield. Viabilizou ainda diversos novos empreendimentos na zona sul da cidade, que registra alta procura por investidores.

“O Rio é a capital com menor estoque de unidades residenciais do país”, diz o sócio-diretor da Inti, Andre Kiffer. “São apenas cinco meses, o que significa que, se pararmos as construções, em cinco meses não há mais oferta.”

Kiffer espera lançar em abril o empreendimento no Edifício Mesbla, que foi rebatizado para Passeio 56. As obras devem consumir cerca de R$ 30 milhões, com expectativa de conclusão dois anos após o lançamento.

O projeto prevê uma área de lazer com piscina de borda infinita na cobertura do edifício, que fica em frente à Baía de Guanabara, com vista para pontos turísticos como o Pão de Açúcar, a Marina da Glória e o MAM (Museu de Arte Moderna).

A Inti aposta na vista dos apartamentos como um dos diferenciais do projeto. A entrada do edifício fica em frente ao parque Passeio Público, um dos pontos mais arborizados do centro do Rio de Janeiro.

A fachada tombada, projetada em 1934 pelos arquitetos franceses Paul Pierre Sajous e Auguste Redun, com sua imponente porta de aço e vidro, tem de ser mantida. Como foi projetado como um edifício residencial, parte dos 16 andares já tem varandas, que serão divididas entre os apartamentos.

O prédio foi ocupado por décadas por escritórios e pela varejista Mesbla, que teve falência decretada em 1999, e mais recentemente tinha no térreo uma unidade das Lojas Americanas, já fechada.

O projeto é beneficiado também pelo programa Reviver Centro, da Prefeitura do Rio, que dá a empreendedores que investem nessa região a possibilidade de ampliar edifícios na zona sul da cidade.

Kiffer diz que o edifício Mesbla garante à Inti um potencial construtivo de cerca de 70 mil metros quadrados, que serão usados em construções em Copacabana e Ipanema.

Ele avalia que, além do baixo estoque de unidades residenciais no Rio, o dólar alto atrai investimentos imobiliários ao Brasil, não só de estrangeiros, mas de brasileiros com ativos dolarizados. A alta no fluxo de turistas, que cresceu 27% em 2024, também gera oportunidades com aluguéis de temporada.

No fim de 2024, a RJZ Cyrella vendeu em três dias 579 unidades do empreendimento Gate Santos Dumont, próximo ao Edifício Mesbla. O prédio também terá estúdios e, segundo a incorporadora, cerca de 90% das unidades foram adquiridas por investidores.

O novo boom imobiliário na cidade, porém, traz desafios, diz Kiffer. O maior deles é formação de mão de obra, já considerada escassa. O fechamento de construtoras durante a crise do setor no fim dos anos 2010 é outro.

A elevada taxa de juros também vem sendo um desafio ao encarecer o financiamento dos empreendimentos, afirma o executivo, que vê chances de desaceleração nos lançamentos na cidade.

“O ciclo imobiliário é longo, leva uns quatro anos entre comprar terreno, desenvolver projeto, lançar e construir”, afirma. “A decisão sobre muitos dos projetos que estão sendo tocados hoje foram tomadas lá atrás.”



Leia Mais: Folha

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