EUA planejam fechamento de consulados, incluindo no Brasil – 07/03/2025 – Mundo

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O Departamento de Estado dos Estados Unidos elaboraram plano para fechar mais de dez consulados no exterior ainda neste semestre e considera encerrar várias outras missões diplomáticas pelo mundo, incluindo o escritório da embaixada americana em Belo Horizonte, de acordo com o site Politico.

Questionado, o Departamento de Estado não respondeu a respeito do plano de fechar o escritório em Belo Horizonte.

O departamento também planeja demitir funcionários locais que trabalham em suas centenas de missões. Esses trabalhadores compõem dois terços da força de trabalho do órgão e, em muitos países, formam a base do conhecimento dos diplomatas dos EUA sobre os locais em que trabalham.

O plano poderia danificar esforços do governo americano de construir parcerias e coletar inteligência, dizem autoridades dos EUA.

Segundo o site Politico, a lista de representações que podem ser fechadas contém, além do escritório da embaixada americana em Belo Horizonte, as missões em Rennes, Lyon, Estrasburgo e Bordeaux, na França; Dusseldorf, Leipzig e Hamburgo, na Alemanha; Florença, na Itália; e Ponta Delgada, em Portugal.

A redução faz parte do programa de cortes do governo federal feito pelo presidente Donald Trump e de sua política externa “América Primeiro”, a partir da qual os Estados Unidos encerram ou reduzem formas outrora importantes de exercer influência global, incluindo através da promoção da democracia, dos direitos humanos e de assistência humanitária.

As medidas ocorrem em um momento em que a China, principal rival dos EUA, superou Washington em número de postos diplomáticos globais. A China forjou fortes laços entre nações, especialmente na Ásia e na África, e exerce maior poder em organizações internacionais.

Os 271 postos diplomáticos globais dos Estados Unidos ficam atrás dos 274 da China, mas os Estados Unidos têm uma vantagem na Europa, de acordo com um estudo do Instituto Lowy.

Qualquer fechamento amplo de missões, especialmente embaixadas inteiras, prejudicaria o trabalho de grandes partes do governo federal, com o potencial de também comprometer a segurança nacional dos EUA.

As embaixadas abrigam oficiais do Exército, de inteligência, de segurança, saúde, comércio, Tesouro e outras agências, todos monitorando desenvolvimentos na nação anfitriã e trabalhando com autoridades locais para combater desde o terrorismo até doenças infecciosas e colapsos de moedas.

A perspectiva de cortes amplos já gerou alguma ansiedade dentro da CIA, a agência de inteligência americana. A grande maioria dos oficiais de inteligência dos EUA disfarçados trabalha em embaixadas e consulados, posando como diplomatas, e o fechamento de postos diplomáticos reduziria as opções da CIA para posicionar seus espiões.

Os cortes ocorrem enquanto o Departamento de Estado está perdendo membros seniores via demissões voluntárias, e um congelamento de contratações significa que a força de trabalho está diminuindo. Um curso atual de cinco semanas, principalmente para diplomatas de carreira seniores, incluindo embaixadores, que optam por se aposentar, tem cerca de 160 pessoas, um dos maiores grupos de oficiais aposentados recentemente, disse um autoridade americana.

Cerca de 700 funcionários —450 deles diplomatas de carreira— entregaram papéis de demissão nos primeiros dois meses deste ano, disse o oficial. Isso é uma taxa surpreendente: antes de 2025, cerca de 800 pessoas haviam se demitido ao longo de um ano inteiro.

Os esforços para cortar postos diplomáticos e pessoal no exterior fazem parte de uma campanha interna para reduzir o orçamento operacional do Departamento de Estado, talvez em até 20%, de acordo com dois funcionários dos EUA com conhecimento das discussões em andamento.

O processo foi acelerado por uma equipe liderada por Elon Musk, que se embutiu em agências governamentais na busca do que chama de desperdício.

Um membro da equipe, Edward Coristine, um engenheiro de 19 anos que publicamente se apresenta como “Big Balls”, está no Departamento de Estado ajudando a direcionar os cortes orçamentários do órgão. Seu orçamento e número de funcionários são pequenos em comparação com os do Pentágono, por exemplo, outro órgão que Musk tem interferido.

O Departamento de Estado notificou dois comitês do Congresso sobre os fechamentos no mês passado. Na segunda-feira, funcionários do departamento disseram aos comitês que também planejavam fechar um consulado em Gaziantep, na Turquia, que tem sido um centro para funcionários dos EUA trabalharem com refugiados da vizinha Síria e grupos de ajuda humanitária no país.

Esses consulados são operações pequenas, geralmente com um ou dois diplomatas americanos e uma equipe de cidadãos locais. Mas eles ajudam a coletar e disseminar informações em locais distantes das capitais e emitem vistos.

Em meados de fevereiro, o secretário de Estado, Marco Rubio, enviou um memorando aos chefes de missão dizendo para que eles garantissem que as equipes nos postos no exterior fossem “mantidas no mínimo necessário para implementar as prioridades de política externa do presidente”. Ele também afirmou que quaisquer posições deixadas vagas por dois anos deveriam ser abolidas, disse um funcionário com conhecimento do memorando.

Um telegrama enviado de Washington na quarta-feira para missões diplomáticas instrui todos os funcionários a procurar “desperdício, fraude e abuso”, a frase que Musk usa para justificar seus cortes profundos em todo o governo. Os funcionários são instruídos a ajudar na missão do bilionário revisando todos os contratos que custam de US$ 10 mil a US$ 250 mil.

“O Departamento de Estado continua a avaliar nossa postura global para garantir que estamos melhor posicionados para enfrentar os desafios modernos em nome do povo americano”, disse o órgão em um comunicado na quinta-feira quando questionado sobre as várias mudanças propostas.



Leia Mais: Folha

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