Fábrica brasileira produz incenso das missas do papa – 17/05/2025 – Mundo

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André Fontenelle

Vem do Brasil o incenso usado nas missas da Basílica de São Pedro, inclusive na missa que marca o início do papado de Leão 14, neste domingo (18). Desde 2007, a empresa do paulista Martinho Rocha fornece os grãos queimados durante as celebrações do Vaticano. “Consagra um trabalho que já tem mais de 20 anos”, diz ele à Folha.

Rocha conta que a história de sua empresa começou no ano 2000, quando, passando por uma crise existencial, ele fez o caminho de Santiago de Compostela: “Recuperei minha espiritualidade. Estava afastado da Igreja desde o final da adolescência.” Durante o percurso, o encantamento com o ritual do incenso despertou sua curiosidade.

Enxergando um mercado com potencial, em 2002 ele fundou sua empresa, chamada Milagros em referência ao caminho de Compostela. Cinco anos depois, recebeu um telefonema que pensou ser um trote. “Perguntaram se poderíamos fornecer incenso para a visita do papa Bento 16 ao Brasil”, recorda.

Era para a missa de canonização de Frei Galvão, primeiro santo brasileiro. “Mandei os melhores incensos do mundo, dos monges beneditinos da abadia de Prinknash, na Inglaterra. E fiz um incenso especial de Nossa Senhora Aparecida, com um toque de erva-cidreira para dar um sotaque caipira do interior de São Paulo”, conta.

Bento 16 gostou do incenso, por não ser perfumado demais. Oito meses depois, recebeu uma mensagem do Vaticano perguntando sobre “aquele incenso azul com gotas douradas”. Começava uma relação que se consolidou ao longo dos anos. Graças a seu produto, Rocha pôde conhecer pessoalmente os dois antecessores de Leão 14. Neste domingo, ele assistirá à missa do meio da praça São Pedro. Disse que ficou com vergonha de pedir um convite.

Rocha trabalha com diferentes variedades da resina de olíbano, ingrediente essencial do incenso litúrgico. A matéria-prima vem principalmente do chamado Chifre da ÁfricaSomália, Etiópia, Eritreia, Djibuti e parte do Sudão, o que obriga Rocha a viajar constantemente a uma das regiões mais pobres do planeta.

O incenso é queimado em um objeto chamado turíbulo em três momentos da missa: a procissão de entrada, a liturgia da palavra e a liturgia eucarística. Para a missa deste domingo, Rocha forneceu dois tipos de incenso, “com calibrações diferentes”. “Um bom incenso precisa ter um bom perfume e bastante fumaça”, diz.

Atualmente, a Milagros tem 18 funcionários e produz 12 toneladas de incenso por ano. Com sede em Lorena (SP), exporta para diversos países, incluindo Austrália e Estados Unidos. Um quilo de incenso pode custar de R$ 200 a R$ 1.200, conforme a variedade, e rende cerca de 40 missas.



Leia Mais: Folha

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