O IBGE chega aos 89 anos em meio a uma crise interna que se arrasta desde o segundo semestre de 2024. A comemoração do aniversário está marcada para quinta (29) na reserva ecológica do instituto em Brasília –a cerca de 1.200 km do Rio, onde fica a sede do órgão.
Os embates públicos entre a gestão do presidente Marcio Pochmann e a associação sindical dos servidores, a Assibge, até diminuíram após a suspensão em janeiro de uma fundação de apoio apelidada por funcionários de “IBGE paralelo”.
A turbulência nos corredores do órgão, contudo, parece longe de acabar, e o cenário é de um aniversário com torta de climão, como diz a expressão coloquial para situações de embaraço.
Um dos episódios recentes de divergência foi o lançamento de um mapa invertido com o Brasil no centro. Pochmann celebrou a projeção cartográfica em rede social, mas o anúncio não caiu bem entre os servidores.
O lançamento ofuscou a divulgação de uma das pesquisas mais importantes do IBGE, com dados sobre desigualdade. O sindicato disse que o mapa parecia atender a uma agenda pessoal do presidente, sem apoio de técnicos. Pochmann, por sua vez, falou em “êxito instantâneo”.
A direção do IBGE também anunciou plano –ainda não muito claro– de cooperação com o escritório chinês de estatísticas, o NBS. É um tema polêmico, já que analistas e ex-servidores do instituto brasileiro veem falta de transparência do país asiático na área.
Esta não é a primeira crise do IBGE, embora os motivos dos atritos tenham sido diferentes. No governo Bolsonaro (PL), o instituto penou para conseguir colocar o Censo na rua. A pandemia e a restrição de verba atrasaram a pesquisa, fundamental para o Brasil se conhecer.
Agora, no governo Lula (PT), a turbulência virou munição para teorias conspiratórias contra os dados técnicos do órgão. Enquanto isso, servidores defendem maior participação na escolha dos próximos presidentes do IBGE, a exemplo do que ocorre em outras instituições públicas.