Karina Matias
A humorista Juliana Oliveira prestou depoimento por cerca de duas horas, na tarde de quarta (23), no 7º Distrito Policial de Osasco (SP) sobre a acusação de violência sexual que faz contra o apresentador Otávio Mesquita. Ela estava acompanhada do advogado Hédio Silva Jr.
Segundo ele, além de relatar o que ocorreu com ela quando era assistente de palco de Danilo Gentili no SBT, Juliana revelou em seu depoimento que duas mulheres a procuraram afirmando que também teriam sido vítimas de abuso sexual por parte de Mesquita. A expectativa do profissional é que ambas sejam ouvidas dentro do inquérito aberto para apurar o episódio.
Procurado, o advogado de Otávio, Roberto Campanella, afirma que a defesa dele não tem conhecimento de “qualquer nova manifestação formal envolvendo outras pessoas ou relatos”.
O apresentador nega o crime. “Importa ressaltar que a instauração do inquérito não implica o oferecimento de denúncia, mas sim o início da apuração formal dos fatos”, diz a defesa em nota. “Após a conclusão dessa etapa, com todas as partes ouvidas, caberá ao Ministério Público avaliar se há fundamentos jurídicos para dar seguimento ao caso”, complementa.
Já Hédio Silva, que representa Juliana, afirma que eles foram procurados por algumas mulheres depois que a denúncia da humorista foi divulgada. “Em duas situações, os relatos nos pareceram bastante coesos e falamos para o delegado. Nos dois casos, o modus operandi é bastante similar ao que aconteceu com a Juliana”, afirma o advogado. Ele completou que não pode dar os nomes nem mais detalhes dos episódios envolvendo as outras mulheres, mas disse que ambos também teriam ocorrido no ambiente de trabalho.
A situação que envolve Juliana aconteceu em 2016, durante a gravação do programa The Noite, comandado por Danilo Gentili, e no qual a humorista atuava até o ano passado como assistente de palco e produtora.
Segundo a denúncia, as imagens e a transcrição dos diálogos da atração mostram que Mesquita tocou nos seios e nas partes íntimas de Juliana, mesmo ela tentando se esquivar e demonstrando contrariedade com a situação.
Hédio Silva Jr. afirma que a lei penal “considera que a prática de atos libidinosos mediante violência configura estupro, ainda que não haja penetração”.
À coluna, Mesquita disse que foi uma brincadeira combinada informalmente entre eles antes do início das filmagens. Afirma também que o programa foi gravado e, caso ela não tivesse gostado, teria pedido ao SBT para que ele não fosse ao ar.
“É um absurdo [essa acusação]. Aquilo foi gravado. Ela demorou nove anos e só fez isso agora porque foi demitida e está chateada”, afirmou, em referência ao fato de que Juliana foi desligada do SBT no início deste ano.
“A minha ex-mulher e o meu filho estavam lá na plateia. Não houve um estupro. Foi uma brincadeira”, diz. Ele processa Juliana por danos morais e pede uma indenização de R$ 50 mil.
O crime teria ocorrido nos minutos iniciais do programa. Convidado da atração, Mesquita ingressa no palco pelo teto, de ponta-cabeça, puxado por um cabo e ao som da música-tema do Batman. Quando Juliana entra para ajudá-lo a retirar os equipamentos de segurança, ele apalpa os seios dela e, de acordo com a representação, também a sua genitália. Depois, ao se desvirar, ele a prende com as pernas e simula que estão transando.
A defesa de Mesquita afirma “ter total confiança na condução da Justiça”. “Do ponto de vista técnico, há diversos elementos que podem levar ao arquivamento do inquérito, considerando tanto a legislação vigente à época dos fatos, em 2016, quanto o prazo legal transcorrido e, especialmente, a ausência de qualquer ato que configure violência ou grave ameaça por parte do meu cliente, conforme previsto na legislação.”
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