André Borges
Complete a frase. Tente definir uma marca, um programa, duas ou três palavras que sintetizem a terceira gestão petista. Não vem. Se vem, não pega. Essa é uma sentença que ainda aguarda resposta.
Em seu terceiro ano de mandato, fase em que aliados já ensaiam seus caminhos políticos e desembarque da Esplanada dos Ministérios, Lula ainda carece de uma definição para a sua atual gestão. Se em 2022 venceu as eleições ao hastear a bandeira da reconstrução, da esperança e da união, sabe que não poderá contar com este mesmo sentimento em 2026.
Não se trata de sacada meramente marqueteira. Para que o governo tenha um carimbo, é preciso que exista, antes, os fatos que levaram a isso, a mudança efetiva que tenha feito diferença na vida das pessoas. Quando deu início ao seu primeiro mandato, em 2003, Lula criou o Luz Para Todos e, no mesmo ano, lançou o Bolsa Família. O fato desses programas ainda estarem em vigor, 22 anos depois, não é casual. Tornaram-se parte central de mudança social. Pessoas que nasceram no ano em que foram criados já são eleitores desde as últimas eleições.
No primeiro ano do segundo mandato, em 2007, a gestão petista lançou o PAC. A conversão do país em um “canteiro de obras” catapultou a eleição de Dilma Rousseff, a “mãe do PAC”, em 2010.
Hoje, em seu terceiro ano de mandato e emparedado pelo Ministério das Crises, a gestão Lula parece distante de flertar com alguma criatividade efetivamente ambiciosa. Tempo ainda há. Basta lembrar que o Minha Casa, Minha Vida foi lançado em 2009, terceiro ano do segundo mandato.
Programas como o Pé-de-Meia entregam resultados, mas são muito verticais para emoldurar uma gestão. A isenção de Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5.000 é promissora, mas depende da boa vontade de um Congresso sem vontade.
Lula sabe que não basta reeditar o passado. E agora, Luiz? O bonde não veio. O riso não veio. Não veio a utopia. Mas 2026 vem aí.