Marcelo Ribeiro
Em novas declarações em reação à decisão do Congresso de derrubar o decreto do aumento do IOF, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Congresso abriga uma indústria do lobby, que acaba atrapalhando, em sua avaliação, os caminhos para um sistema tributário mais justo.
Para ele, a derrubada do decreto, considerada uma das maiores derrotas do Executivo na atual gestão, ocorreu também para atender a lobistas.
“Esse país será o que a gente quiser que ele seja. É só a gente determinar o tamanho que a gente quer que o país seja. Para isso, é preciso diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito para os outros. De repente, você vê o lobby. Não virou uma pessoa que é lobista, virou uma indústria de lobby”, criticou o petista.
Como exemplo, Lula citou as pretensões do governo em aumentar a tributação das Bets, comandadas por “pessoas que estão ganhando milhões sem fazer nada”.
“E essas pessoas se rebelam: ‘Não, isso é aumento de imposto.’ Não é aumento de imposto. Se vocês forem sinceros com a consciência de vocês, vocês vão perceber que a carga tributária desse governo hoje percentualmente é menor do que era em 2011. Porque o que a gente está fazendo não é tentar aumentar imposto. É tentar fazer uma tributação mais justa, mais correta”.
O presidente disse ainda ter sido contrário à desoneração de 17 setores da economia, principalmente em função da ausência de uma compensação que justificasse a medida.
“Você faz desoneração a troco do quê? O que você ganha? Vão dar estabilidade no emprego? Não. Vão aumentar salário? Não. Vão contratar mais trabalhador? Não. Então para que desoneração? Para aumentar o lucro? E cadê a compensação?”, questionou.
Lula saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, em sua leitura, é um dos chefes de equipe econômica mais sérios do mundo. “Poucos países do mundo têm um ministro da Fazenda com a seriedade que o Haddad tem”.