Mortes: Escritora, foi guardiã e amante das das palavras – 14/03/2025 – Cotidiano

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Bruno Lucca

Das palavras, Letícia Malard fez a vida. Apaixonada por literatura, foi escritora, crítica e uma grande referência nos estudos da prosa brasileira.

Letícia formou-se em línguas neolatinas pela Faculdade de Letras da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), em 1958, e nunca mais deixou a instituição, da qual virou professora.

Nascida em 15 de novembro de 1936 em Pirapora, Minas Gerais, começou sua carreira docente nos colégios de Belo Horizonte do fim dos anos 1950, onde ensinava português, espanhol e inglês. De 1959 a 1974, foi professora da Escola Estadual Milton Campos, mais conhecida como Colégio Estadual Central, referência do ensino secundário em Belo Horizonte na segunda metade do século 20.

Ingressou no ensino superior como professora em 1966. Sua carreira como docente da UFMG começou ainda nos anos 1970.

Entre outros feitos, Letícia foi responsável por recolocar em debate a obra de Avelino Fóscolo, autor do primeiro trabalho de ficção sobre a mudança da capital de Minas Gerais para Belo Horizonte, o romance “A Capital”, publicado em 1903.

Ainda foi autora de livros basilares para o estudo da literatura produzida no Brasil. Pela Editora UFMG, publicou os ensaios “No Vasto Mundo de Drummond” (2005) e “Literatura e Dissidência Política” (2006), além de “Divina Dama” (2013), romance no qual a autora, a partir de um mosaico de vozes, ficcionaliza a vida de personagens de uma favela imaginada, em trama relacionada ao tráfico de drogas.

Sempre disposta a ajudar, Letícia Malard respondia com prontidão e dedicação às mais variadas consultas que lhe eram feitas por alunos, colegas e jornalistas. Generosa, não se negava a abrir as portas da sua casa para receber a todos.

Ela se manteve atuante por toda a vida. Após a aposentadoria, seguiu prestando assessoria a diversos órgãos acadêmicos e culturais, e era comum vê-la ora na plateia, ora no púlpito de eventos realizados nos ambientes intelectuais de Belo Horizonte. Seu passeio favorito era à Academia Mineira de Letras.

Letícia Malard morreu no último dia 24 de fevereiro, aos 88 anos. A causa da morte não foi divulgada.

Colegas da UFMG publicaram depoimentos nas redes sociais homenageando a colega.

“Letícia iluminou o meu caminho e o de vários colegas por meio de seu amor e entusiasmo em relação à literatura brasileira. Que ela ilumine novos caminhos em outros planos”, escreveu Marcos Antônio Alexandre, professor da Faculdade de Letras.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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