A Ucrânia sofreu um novo ataque aéreo massivo na madrugada deste domingo (25), que deixou pelo menos 12 mortos, enquanto em Moscou, na Rússia, os drones ucranianos provocaram o fechamento temporário de aeroportos, horas antes de uma última troca de prisioneiros entre os dois países.
Os serviços de emergência ucranianos descreveram o domingo como uma “noite de terror na região de Kiev“, em uma mensagem no Telegram. “O ataque noturno massivo deixou quatro mortos e 16 feridos, incluindo três crianças” na região.
É a segunda noite de ataques de grande escala contra a Ucrânia, depois que a força aérea do país detectou cerca de 250 drones e 14 mísseis balísticos que estavam direcionados principalmente a Kiev, a capital, na noite de sexta para sábado.
A Força Aérea da Ucrânia afirmou no domingo que abateu 45 mísseis e 266 drones russos durante esta nova onda de bombardeios noturnos que afetou “a maioria das regiões” do país. “Foram relatados ataques aéreos inimigos em 22 locais, e quedas de partes de mísseis e drones abatidos em 15 locais”, precisou o Exército no Telegram.
Também informaram sobre um homem encontrado morto, e cinco feridos, na região de Mykolaiv, depois que “um edifício de cinco andares foi atingido por um drone durante um ataque noturno”, que provocou um incêndio.
Quatro pessoas morreram e cinco ficaram feridas em ataques russos noturnos na região ocidental ucraniana de Jmelnitski, informou Serguei Tyurin, vice-chefe da administração militar regional.
Segundo a mesma fonte, duas crianças de 8 e 12 anos, assim como um adolescente de 17 anos, perderam a vida em um bombardeio russo na região de Jytomir (noroeste).
Mais de uma dezena de drones russos foram detectados no domingo pela manhã em Kiev, segundo as autoridades da cidade, e jornalistas da AFP ouviram explosões. Grande parte do país foi colocada sob alerta aéreo depois de disparos de mísseis de cruzeiro.
As defesas aéreas abateram cinco drones e onze mísseis apenas na região de Kryvyi Rih, indicou o chefe da administração militar regional do centro do país, Oleksandr Vikoul.
Também foram relatados ataques nas regiões de Kherson, no sul do país, e Ternopil, no oeste, pelas autoridades locais.
Em Moscou, o prefeito Serguei Sobianin informou sobre mais de uma dezena de drones ucranianos sobre a capital russa, mas não mencionou vítimas.
A autoridade russa de aviação civil impôs restrições em pelo menos quatro aeroportos de Moscou, incluindo o principal, Sheremetievo, que já no domingo pela manhã foram reabertos.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, voltou no sábado (24) a exigir que “apenas sanções adicionais contra setores-chave da economia russa forçarão Moscou a cessar o fogo”, e insistiu que “a causa do prolongamento da guerra está em Moscou”.
E embora a escalada continue, Rússia e Ucrânia completarão no domingo a última etapa da maior troca de prisioneiros de guerra desde o início da invasão russa há mais de três anos.
No sábado, 307 prisioneiros de guerra russos foram trocados pelo mesmo número de militares ucranianos, anunciaram Kiev e Moscou.
A primeira parte desta grande troca, no formato de 1.000 por 1.000, incluiu na sexta-feira 270 soldados e 120 civis de cada lado.
Este é o único resultado tangível após as primeiras conversas diretas em três anos entre russos e ucranianos em Istambul em meados de maio.
Após mais de três anos de combates, milhares de prisioneiros de guerra estão detidos em ambos os países.
Acredita-se que a Rússia tenha a maior parte, com um número estimado entre 8.000 e 10.000 prisioneiros ucranianos.
Quando esta troca for concluída, ambas as partes devem trocar documentos que exponham suas condições para pôr fim ao conflito que eclodiu em fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia.
“A Ucrânia está disposta a qualquer forma de diplomacia que produza resultados, e estamos dispostos a dar todos os passos que garantam uma segurança real. É a Rússia que não está disposta a nada”, afirmou Zelenski no sábado.
Os esforços diplomáticos para pôr fim ao conflito, entre eles os do presidente americano Donald Trump, intensificaram-se nas últimas semanas, mas o Kremlin não deu sinais de ceder em suas exigências.
O presidente russo, Vladimir Putin, desafiou a pressão europeia por uma trégua total e incondicional na Ucrânia, e continuou a ofensiva que já deixa dezenas de milhares de mortos.