Matheus Leitão
Jair Bolsonaro resolveu agora reclamar que a Justiça brasileira só é célere contra ele. Sem ruborizar o rosto, usou como pano de fundo pesquisas que o colocam como líder das intenções de voto em 2026.
Todo mundo sabe que o ex-presidente nunca levou a sério as pesquisas, insinuava que elas eram compradas, inventava mentiras sobre as urnas eletrônicas e dizia ter sido roubado até na eleição que venceu, em 2018.
“Parece que o devido processo legal, [no Brasil], funciona na velocidade da luz. Mas só quando o alvo está em primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto para Presidente da República nas eleições de 2026”, afirmou o líder da extrema-direita em sua conta no “X”.
Na verdade, Bolsonaro sabe que as provas contra ele no caso da trama golpista são robustas – robustíssimas, para ser mais exato – e que a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal deve condená-lo, seja no plenário, seja na primeira turma.
O ex-presidente quer mesmo é continuar cometendo crimes.
Ao colocar em dúvida a idoneidade da corte, ele mais uma vez atenta contra os poderes constituídos da República, assim como fazia quando ocupava a cadeira no Palácio do Planalto.
Era uma crise institucional atrás da outra porque Bolsonaro defende até não cumprir mais decisões judiciais de ministros do STF – especialmente as do ministro Alexandre de Moraes, hoje relator do caso do golpe.
Naquela época e agora a ideia sempre foi a de construir a narrativa antissistema, a mesma usada pela extrema-direita ao redor do mundo para ferir a democracia, destruindo ela por dentro.
O problema é que, se a direita não vencer a eleição de 2026 e o ex-presidente não conseguir o indulto, o futuro político de Bolsonaro será atrás das grades. E por muitos anos.