Julia Chaib
O secretário-geral da aliança militar Otan, Mark Rutte, reúne-se com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quinta-feira (13), para um encontro considerado determinante para o futuro do grupo.
Rutte deve defender a relevância do bloco enquanto é alvo de ataques constantes do republicano e alijado das negociações por um fim na guerra entre Rússia e Ucrânia.
No início da conversa com o secretário na Casa Branca, Trump afirmou que suas ações fortaleceram a aliança. “A Otan se tornou muito mais forte com minhas ações”, disse.
Rutte parabenizou o presidente americano pelas negociações para o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia. Respondendo a perguntas de jornalistas, Trump afirmou que está recebendo “boas notícias” da Rússia.
“Espero que façam a coisa certa,” disse o republicano, pouso depois de Vladimir Putin dizer que aceita em princípio o cessar-fogo proposto pelos EUA, mas que precisaria discutir os termos com o país. A Ucrânia já concordou em suspender o conflito por trinta dias.
O cessar-fogo na região e financiamento à Otan estarão na mesa de conversas entre Trump e Rutte.
O encontro ocorre enquanto o presidente americano critica reiteradamente os países que fazem parte do bloco por não atingirem a meta atual de gastar 2% dos respectivos PIBs com defesa. Esse percentual foi acordado há mais de uma década entre as nações que compõem a aliança, criada na época da guerra fria.
Trump defende que esse índice seja ampliado para 5%, alegando que há disparidade em relação aos investimentos dos EUA.
Na semana passada, sugeriu que o bloco não atuaria para proteger o país caso ele fosse atacado. Mais do que isso, disse que só enviaria as Forças Armadas para atuar em caso de conflitos de países que o republicano julga contribuir ao bloco com uma parte adequada do respectivo PIB.
“Vocês acham que eles vão vir nos proteger? Hmm. Eles deveriam. Não tenho tanta certeza,” disse Trump em conversa com jornalistas no salão Oval na última sexta-feira (7).
“Eu disse que se vocês não vão pagar, nós não vamos defender… se vocês não vão pagar suas contas, nós não vamos defendê-los”, disse o presidente.
O presidente tem reclamado que os EUA dão muito dinheiro à Otan em comparação aos outros países.
Trump criticou repetidamente os países da OTAN por não atingirem a meta atual de membros da OTAN de gastar 2% do seu PIB em defesa. Ele argumentou que a disparidade é injusta e coloca um fardo adicional sobre os EUA.
O republicano alega que os EUA gastam quase US$ 1 trilhão em defesa e que a Europa depende do país no caso de guerra, porque os americanos têm, sozinho, mais aviões de transporte pesados do que toda a região.
Apesar disso, é incorreto dizer que os Estados Unidos bancam a Otan. Dos US$ 5 bilhões de orçamento da aliança em 2024, Washington contribuiu com 16% o mesmo que a Alemanha, seguida por Londres e Paris (10%), Roma (8%) e demais capitais de forma proporcional ao tamanho de sua economia.
Diante das críticas de Trump a Otan, a Europa está se readequando à estratégia adotada por Trump no conflito entre Ucrânia e Rússia e atuado para se armar a despeito da Otan contra uma eventual invasão dos russos. Como mostrou a Folha, o governo Trump agora chama o embate na região guerra por procuração. A retórica de Trump sempre foi a mesma: o conflito é um problema de europeus, e os EUA gastam demais com a Otan.
Por isso, a União Europeia promoveu um encontro na quinta (6) em Bruxelas para aprovar apoio ao plano anunciado de US$ 860 bilhões (quase R$ 5 trilhões) em vários anos, visando reavivar a indústria de defesa do continente e rearmar seus membros.
Zelenski estava presente, foi celebrado e agradeceu, mas na semana que vem vai à Arábia Saudita para azeitar conversas com americanos “sob a liderança” de Trump, como dissera na véspera. Disse que achava boa a ideia francesa de uma trégua limitada na guerra aérea para começar, e que “os ucranianos realmente querem paz, mas não ao custo de entregar a Ucrânia”.