Padilha é peça-chave na longa disputa entre Centrã…

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Daniel Pereira

Anunciado como novo ministro da Saúde, Alexandra Padilha é personagem central na disputa entre o Centrão e o PT pelo controle da pasta. Para líderes do grupo político que controla a Câmara, ele não só era padrinho político de Nísia Trindade como, durante a gestão dela, determinava quais emendas parlamentares seriam liberadas pelo ministério e quem seria beneficiado por elas — de congressistas a prefeitos.

Essa suposta influência de Padilha sempre incomodou o Centrão. O então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou a assinar um requerimento, junto com líderes de partidos, para cobrar de Nísia Trindade esclarecimentos sobre os critérios adotados pelo ministério para desembolsar as verbas indicadas por deputados e senadores. Foi uma forma de pressioná-la autorizar mais pagamentos, os quais, segundo o deputado, estavam abaixo do esperado e privilegiavam políticos petistas.

Em outro flanco, Lira também chamou Padilha de incompetente, disse que ele não cumpria acordos e passou a tratá-lo como desafeto público.  Na época, o então presidente da Câmara tinha dois objetivos. Um era tirar Padilha da articulação política. Lira chegou a trabalhar a favor do nome do líder do governo na Câmara, o petista José Guimarães, para o posto. Não deu certo. A outra meta era colocar um parlamentar do próprio Centrão, o deputado Luizinho (PP-RJ), na vaga de Nísia Trindade. Também não deu certo.

Velhos adversários

Quadro da confiança do presidente Lula, Padilha sabe o quão espinhosa será sua missão e tem plena consciência de como a banda toca na relação com os parlamentares. Criticado desde o início do terceiro mandato de Lula, o ministro já resistiu a pelo menos uma campanha para tirá-lo da Saúde, quando comandou a pasta no governo de Dilma Rousseff.

Ao assumir o seu primeiro mandato, em 2011, a presidente escalou Padilha para a função e enfureceu o MDB, que havia chefiado a Saúde no segundo governo de Lula. Liderada pelo então deputado Eduardo Cunha, uma ala emedebista passou a conspirar contra Padilha, numa tentativa de reassumir o ministério. O plano fracassou, mas a disputa por esse espaço de prestígio e orçamento bilionário está na origem do embate político que levou ao impeachment de Dilma e à cassação e prisão de Cunha.



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