Fábio Luís de Paula
São Paulo
A modelo Maria Amélia Baptista, 27, faz história ao se tornar a primeira brasileira a representar Portugal no Miss Mundo. Nascida no Rio de Janeiro e criada em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, ela vive no país europeu desde 2022 e possui dupla cidadania —o que lhe garantiu o direito de disputar a coroa pelo país europeu.
Moradora da cidade do Porto, onde atua no ramo de imóveis, Maria Amélia venceu o título de Miss Portuguesa em julho de 2024. Desde então, vinha se preparando para ir à etapa internacional, que acontece desde o início de maio no estado de Telangana, no sul da Índia. A final da 72ª edição do Miss Mundo, que terá transmissão pelo YouTube, será no sábado (31) e reúne 108 candidatas.
Considerada uma miss de carreira, ela ingressou no mundo dos concursos há 17 anos, em 2008, por incentivo de seu irmão Thiago António, que é apaixonado por esse universo e organizava concursos no Brasil. Segundo ele, Maria Amélia já esteve em cerca de 15 concursos, desde as categorias infantil e adolescente, até chegar à fase adulta.
“Minha irmã é tudo pra mim! A participação dela no Miss Mundo, que é um dos maiores concursos de beleza do mundo, é uma grande realização, tanto minha como dela. Sentimos como uma grande conquista e vitória. Para mim ainda, que fui mister, representa muito ver ela chegar nesse patamar”, disse ele, em conversa exclusiva com a coluna.
Formada em direito, a miss luso-brasileira diz ver nos certames de beleza uma forma de expressão cívica, tanto que uma de suas fortalezas como miss é sua atuação social.
Sua principal atuação é relacionada à crise imigratória e ela lidera ações ligadas à saúde pública e direitos de imigrantes —pauta que também levará ao palco do Miss Mundo, concurso reconhecido por priorizar debates e impacto social. “Acho incrível que o concurso priorize a voz da mulher, e não só o corpo. É uma mudança de paradigma”, afirmou à imprensa portuguesa.
Em parceria com a agência da ONU para os refugiados, Maria Amélia usa sua visibilidade nas redes sociais para conscientizar sobre o impacto humanitário da imigração forçada —por guerra, clima ou pobreza— e para divulgar formas de ajuda, como doações e programas públicos de saúde. Além disso, entre as iniciativas da miss no Porto, estão a distribuição de roupas e alimentos e orientação para mulheres imigrantes sobre saúde ginecológica, exames e higiene menstrual.
Além de Maria Amélia, está também na disputa a paulista Jessy Pedroso, que veste a faixa de Miss Brasil. Dessa forma, o país tem neste ano duas chances de vencer a coroa, que atualmente pertence à modelo Krystyna Pysková, da República Tcheca, titular de 2024.
Para ela, representar Portugal com raízes brasileiras é uma oportunidade de unir histórias e dar visibilidade aos que normalmente são esquecidos. “Beleza, para mim, sempre teve propósito.”