Matheus Leitão
A prisão de Mauro Cid na última sexta-feira, 13 de junho (acompanhada da revogação poucas horas depois), em razão de uma suposta tentativa de fuga que se vinha articulando – e da qual dá prova a retirada prévia da família do tenente-coronel –, torna inequívoca pelo menos uma constatação: a ausência de prisões preventivas pode levar à impunidade de importantes personagens da trama golpista.
Carla Zambelli, por exemplo, teve participação primordial na intentona e deixou o país sem dificuldades. Tudo indica que Cid pensou seguir o mesmo caminho, traindo a confiança da Procuradoria-geral da República e do Supremo Tribunal Federal (STF). Nisso, curiosamente, não há surpresa alguma, pois Cid apenas segue sua natureza de traidor.
A verdade é que, com exceção do coronel Braga Netto, só bagrinhos – para usar uma expressão de Jair Bolsonaro – estão atrás das grades. Os demais respondem em liberdade, com poucas restrições impostas pela Justiça.
Com outra postura, Alexandre de Moraes se diferencia de Sergio Moro – que, antes dele, ocupava a função de togado mais notório do Brasil. Enquanto o juiz federal prendia indiscriminadamente, por períodos e por motivos que chegavam a afrontar a legislação, o ministro usa menos a medida cautelar como método.
A situação é compreensível, afinal, a despeito da inexistência de vínculos entre os crimes apurados na Lava Jato e as ações relacionadas à tentativa de golpe, Alexandre de Moraes não quer agir como Sérgio Moro, especialmente após todas as revelações de abusos da operação iniciada em Curitiba.
Todavia, talvez seja o momento, senão de prisões preventivas, de medidas que possam garantir que, no futuro, os sentenciados não passem ao largo da lei simplesmente porque deixaram o país.