Quem é Leo do Moinho, apontado como chefe do tráfico – 20/04/2025 – Cotidiano

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Suspeito de liderar o tráfico de drogas no centro de São Paulo, Leonardo Monteiro Moja foi preso em 6 de agosto de 2024 em meio à megaoperação Salus et Dignitas (saúde e dignidade, em latim). Conhecido como Leo do Moinho, ele é apontado como o real proprietário de hotéis e comércios na região central da capital paulista, registrados no nome de um laranja —sua defesa nega as acusações e afirma que vai provar sua inocência ao fim do processo que ele responde na Justiça.

Na ocasião, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, apontou a favela do Moinho como espécie de centro de inteligência da facção criminosa PCC no centro da cidade.

Isso porque imóveis dentro da favela, localizada em um trecho de linha férrea às margens da avenida Rio Branco, estariam equipados com câmeras de monitoramento, vigilantes e antenas de comunicação capazes de captar o sinal dos rádios transmissores das polícias.

“Não é a primeira vez que falaciosamente o nome de Leonardo é irresponsavelmente ligado a fatos na região central de São Paulo, e que, após regular processo, resta demonstrada sua inocência, o que acreditamos que se repetirá mais uma vez afastando-se a abusiva prisão para averiguação”, diz o advogado Rodrigo Benetti. Ele ressaltou que o prazo para apresentação da defesa no processo ainda não terminou.

De acordo com um advogado de Leonardo, ele “nada tem a ver com os fatos imputados” e que isso será demonstrado na ação penal que ele responde por receptação e crime ambiental por meio da atividade comercial num ferro-velho.

A favela do Moinho voltou ao centro do noticiário após o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciar que tentará colocar em prática nos próximos dias um plano de remoção gradual dos moradores da comunidade. O anúncio foi seguido por sucessivos protestos, e nesta sexta-feira (18) manifestantes montaram uma barricada e atearam fogo nos trilhos da CPTM, afirmando que o ato aconteceu após policiais militares invadirem o local e agredirem moradores.

Leo do Moinho estava em seu apartamento em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo, quando foi detido no ano passado. Ele estava em liberdade condicional desde 2023, após ter sido preso em 2021.

Segundo a denúncia apresentada pelo Gaeco, o grupo liderado por ele era responsável pelo abastecimento de drogas na cena aberta de uso conhecida como cracolândia. Os lucros dessa atividade eram depois distribuídos em transações financeiras típicas de esquemas de lavagem de dinheiro, com depósitos em dinheiro, transferências de uma conta para outra e integralização de capital em empresas e hotéis.

Leo do Moinho foi absolvido em 1997 num processo em que era réu por tráfico de drogas. Em 2018, foi condenado em primeira instância por formação de organização criminosa, com os agravantes de que o grupo que ele integrava utilizava armas de fogo e tinha participação de criança ou adolescente nos crimes. A sentença atribuiu a ele posição de liderança.

Ainda de acordo com os promotores, o PCC também estabeleceu um sistema de torres clandestinas de telecomunicação na favela do Moinho. Elas captavam a frequência de rádio das forças de segurança que operam na capital paulista, principalmente da Polícia Militar, e a transmitiam para criminosos da região por meio de rádios codificados comercializados por integrantes do bando para antecipação de ações policiais.

Equipamentos de rádio transmissão seriam comercializados por criminosos e usados pelos chamados olheiros, que monitoram o movimento no entorno da favela e que usam os aparelhos para informar seus comparsas sobre a movimentação policial na região, segundo a investigação.

A investigação teve participação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Com a utilização de equipamentos de rastreamento e escuta, a agência ajudou a obter provas do esquema de monitoramento e vigilância permanentes através de rádios UHF no local.

A favela também teria barracos usados por traficantes para embalar drogas, além de ser cenário para sessões do chamado “tribunal do crime”, que julga extrajudicialmente infrações a regras estabelecidas pela organização criminosa.

Na mesma operação que prendeu Leo do Moinho, a Justiça também decretou as prisões preventivas de outras seis pessoas apontadas como lideranças ou peças-chave da atuação desses grupos criminosos. A polícia cumpriu 85 mandados de busca e apreensão, 48 medidas de confisco e bloqueio de bens e 45 medidas de suspensão de atividades econômicas e de interdição por lacração de estabelecimentos.



Leia Mais: Folha

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