Repórteres sem fronteiras e cães da verdade descobriram que os ataques da Rússia a hotéis destinados a “desencorajar” a cobertura de guerra.
Os ataques russos atingiram cada vez mais hotéis que hospedam jornalistas na Ucrânia, no que poderia constituir “crimes de guerra”, de acordo com um novo relatório.
Repórteres sem fronteiras (RSF) e Hounds da verdade – uma organização ucraniana fundada para documentar crimes de guerra – divulgou o relatório na sexta -feira. Ele descobriu que os ataques russos a hotéis que habitam jornalistas que passaram de serem “eventos isolados” no início do conflito em 2022 para uma “ameaça sustentada” até 2025.
Pelo menos 31 greves em 25 hotéis usados por jornalistas foram registrados desde a invasão em grande escala da Rússia de seu vizinho em fevereiro de 2022, afirma o relatório.
“Esses ataques parecem fazer parte de uma estratégia russa mais ampla que visa intimidar jornalistas e suprimir a cobertura independente da mídia das ações da Rússia na Ucrânia”, afirmou o relatório.
Os hotéis atingidos estão principalmente perto da linha de frente. Apenas um estava sendo usado para fins militares no momento do ataque, disseram as ONGs.
“No total, 25 jornalistas e profissionais de mídia se encontraram sob esses atentados de hotéis, e pelo menos sete foram feridos”, afirmou.
De acordo com o RSF, pelo menos 13 jornalistas foram mortos enquanto cobriam a guerra da Rússia na Ucrânia, com 12 das mortes no território ucraniano.
Tipos de ataques
O relatório destacou que os ataques seguiram um padrão claro, ocorrendo à noite, usando mísseis balísticos lançados em hotéis civis que não eram “alvos militares legítimos”.
“Nossa análise, portanto, sugere que esses ataques não são aleatórios nem incidentais, mas fazem parte de uma estratégia mais ampla que visa desencorajar relatórios independentes da linha de frente”, concluiu os autores.
Devido aos obstáculos de segurança aos relatórios de uma zona de guerra, 13 % dos entrevistados de uma pesquisa disseram que houve uma “redução” nas tarefas a áreas de alto risco, afetando como a guerra é coberta.
O relatório pediu medidas legais para processar crimes contra jornalistas em “jurisdições nacionais e internacionais”, especificamente o Tribunal Penal Internacional.