Sebastião Salgado fez da Amazônia inspiração de sua arte – 23/05/2025 – Ilustrada

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Ao longo de sua carreira, Sebastião Salgado, morto nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, transformou a floresta amazônica em matéria-prima de seu fazer artístico. Os registros singulares chamaram a atenção do Brasil e do mundo para o bioma, combatendo a ideia de que a região é um “inferno verde” a ser controlado —ideia muito propagada durante a ditadura militar.

As imagens em preto e branco de Salgado registram rios voadores, chuvas torrenciais e imensas copas de árvores, como se convidassem o observador a de fato conhecer a Amazônia. Os povos indígenas que habitam o bioma também ganharam protagonismo no trabalho dele.

Em entrevista à Folha, em 2022, ele disse que começou a trabalhar no bioma em razão da vontade de conhecer a sua população. Na ocasião, o fotógrafo estava com uma mostra no Sesc Pompeia, em São Paulo, com mais de 200 fotos da região. Os registros foram feitos durante sete anos e após cerca de 60 viagens à região, ocasiões em que retratou as paisagens e o cotidiano de 12 comunidades indígenas.

“A minha maior curiosidade, ainda nos anos 1980, era em relação ao ser humano que eu ia encontrar dentro da floresta amazônica, e que era um ser humano que eu imaginava muito diferente de mim”, disse ele. “Mas descobri imediatamente que elas eram exatamente como eu. Tudo o que era sério e essencial para mim era sério e essencial para eles.”

Muitas dessas fotografias foram publicadas também numa série de reportagens sobre as expedições de Salgado na Folha, que acompanhou o contato do fotógrafo com as aldeias.

Ele começou a fotografar a região ainda nos anos 1980, mas intensificou suas expedições no início dos anos 2000 durante o projeto “Gênesis”, feito em lugares intocados do planeta. Durante o trabalho, ele constatou as mudanças impostas pelas queimadas e pelo desmatamento ilegal.

“Voltando para fazer essas fotografias eu constatei uma grande ferida na Amazônia, ela estava machucada. Vi regiões que, naquela época que eu tinha trabalhado, eram florestas totalmente virgens, e elas já estavam bem, bem destruídas. Aí vi que era o momento de fazer um trabalho maior.”



Leia Mais: Folha

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