Selic a 14,25%: o que fazer agora? – 15/03/2025 – De Grão em Grão

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Michael Viriato

Nesta próxima semana, teremos a chamada “Super Quarta”, um evento decisivo para os mercados globais. O Federal Open Market Committee (FOMC) nos Estados Unidos e o Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil anunciarão suas novas diretrizes sobre juros. Mas, ao contrário do que muitos imaginam, a decisão em si pode ser o menos relevante. O verdadeiro jogo está nas entrelinhas dos comunicados e no que os bancos centrais indicarão para o futuro.

O mercado já precificou que o FOMC manterá a taxa de juros de curto prazo nos EUA, os Fed Funds, em 4,5% ao ano e que o Copom elevará a Selic para 14,25% ao ano com uma alta de 1 ponto percentual. Nenhuma surpresa aqui. Mas e depois? Essa é a pergunta que todos querem responder.

Se fosse um jogo de xadrez, os bancos centrais estão prestes a fazer um movimento estratégico, mas sem revelar a jogada seguinte. Nos EUA, cresce a expectativa por cortes de juros no futuro. Já no Brasil, os contratos futuros indicam que novas altas ainda podem ocorrer.

O Copom, que antes tinha um plano bem definido, agora deve passar a adotar um discurso condicional, deixando claro que os próximos passos dependerão da evolução dos dados econômicos até a próxima reunião, marcada para 07 de maio.

O Banco Central brasileiro não pode olhar apenas para o impacto das últimas altas de juros sobre a inflação e no crescimento interno. Fatores externos podem ter impacto relevante. A postura do presidente americano e suas políticas econômicas influenciam diretamente o câmbio e o preço de bens e de commodities, como petróleo, variáveis essenciais para o Brasil por afetar o preço dos combustíveis.

O Federal Reserve também enfrentará desafios semelhantes, precisando calibrar suas ações de acordo com os efeitos da política fiscal e das condições de mercado nos EUA.

Esta próxima elevação da Selic, pode até ser a última do ano, pois ela já é um patamar significativamente alto. Desde 2006, só vimos essa taxa em 14,25% ao ano durante o governo Dilma, entre 2015 e 2016. Entretanto, se essa for a última alta, é sinal de que ela deve permanecer nesse patamar ainda mais tempo. Para quem acredita que a Selic pode voltar a cair rapidamente, um alerta importante. Da última vez que esteve neste patamar, a taxa ficou estável por mais de 12 meses, entre agosto de 2015 a outubro de 2016. Isso significa que, mesmo que o ciclo de alta termine agora, um eventual alívio de juros pode demorar.

Esse cenário tem implicações diretas para os investidores. Muitos podem se sentir tentados a migrar para ativos de maior risco na expectativa de uma queda iminente dos juros. Mas essa estratégia pode ser perigosa. Howard Marks, renomado investidor e autor do clássico Mastering the Market Cycle, sempre alerta que o maior erro dos investidores não é agir quando a tendência já está clara, mas sim tentar antecipá-la antes do tempo. Apostar na queda dos juros sem sinais concretos pode custar caro.

Com Selic a 14,25% ao ano, a renda fixa pós fixada se torna um refúgio altamente atrativo. Fundos e títulos que rendem 110% do CDI passam a entregar mais de 15,5% ao ano, um retorno muito difícil de superar no curto prazo sem assumir riscos excessivos.

Para quem tem um horizonte mais longo, títulos prefixados e atrelados ao IPCA ainda podem capturar taxas elevadas para diversificar a parcela de renda fixa, mas exigem maior tolerância à volatilidade e paciência.

A grande questão agora não é apenas onde investir, mas qual postura adotar. Como Ray Dalio ensina em seus princípios, os mercados financeiros se movem em ciclos, e os investidores bem-sucedidos sabem quando atacar e quando defender. Esse é o momento de jogar na defesa, aproveitando retornos elevados sem assumir riscos desnecessários.

O investidor está sendo muito bem pago para esperar. E, no mercado financeiro, paciência frequentemente é a maior virtude. Se os juros altos são um problema para alguns, para quem souber aproveitar o momento, são uma ótima oportunidade para crescer patrimônio.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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