Trump perde eleição no ’51º estado’ – 29/04/2025 – Hélio Schwartsman

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Donald Trump queria transformar o Canadá no 51° estado americano, mas o que conseguiu foi dar sobrevida ao Partido Liberal (PLC) daquele país, que, até a chegada do agente laranja ao poder, parecia fadado a uma derrota eleitoral histórica.

Nas pesquisas de janeiro deste ano, os conservadores abriam mais de 20 pontos percentuais de vantagem sobre os liberais. É verdade que muito da impopularidade se devia ao desgaste pessoal do então premiê Justin Trudeau, que sofria da fadiga de material de quase dez anos no poder.

Trudeau foi substituído por Mark Carney, mas isso não parecia suficiente para tirar o PLC da rota de desastre. Trump se encarregou de mudar o quadro. As ações e declarações do presidente americano mexeram de tal forma com as cabeças dos canadenses que o PLC conseguiu reverter sua desvantagem e triunfar nas eleições parlamentares desta segunda (29). Tudo o que Carney teve de fazer foi posar de anti-Trump e deixar que os votos chegassem.

No momento em que escrevo ainda não estava claro se os liberais conseguiram maioria para governar sozinhos ou se precisariam formar uma coalizão com partidos menores, como é o mais frequente por lá.

Como tempero extra, o líder conservador, Pierre Poilievre, que em alguns momentos foi descrito como o “Trump canadense”, não conseguiu se reeleger para o Parlamento, perdendo a cadeira que ocupava havia 20 anos.

Um pouco mais ao sul, nos EUA, a rejeição a Trump não é tão avassaladora, mas está crescendo. As pesquisas que marcam os cem dias no poder mostram uma nítida erosão da popularidade do presidente —e isso antes de a inflação das tarifas impactar com força sobre os preços ao consumidor.

Só que os EUA, diferentemente do Canadá, são uma República presidencialista. E uma na qual o impeachment é quase uma impossibilidade política. Sem o botão de pânico propiciado pelo parlamentarismo, os americanos terão de arcar por quatro anos com as consequências de sua escolha eleitoral. Ruim para o mundo, mas ainda pior para os EUA.


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