CVM apura falsa oferta de compra da PDG – 22/02/2025 – Mercado

Date:

Compartilhe:

Daniele Madureira

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu nesta sexta (21) um processo administrativo para apurar uma falsa oferta de compra da construtora PDG Realty pelo grupo asiático SHKP (Sun Hung Kai Properties).

No dia 19, a PDG publicou fato relevante em que afirmava ter recebido uma oferta de compra por parte da SHKP, de Hong Kong, no valor de R$ 171,68 milhões, pela totalidade das ações da companhia. Ao ser questionada pela imprensa brasileira sobre a operação, nesta sexta, a SHKP negou o interesse pela PDG.

Nesse intervalo, as ações da PDG, que estavam cotadas a R$ 0,01, chegaram a bater R$ 0,03, mas voltaram ao patamar de R$ 0,01.

Na véspera do fato relevante, dia 18, houve uma movimentação atípica, e a ação fechou com 100% de valorização, a R$ 0,02.

A PDG já foi uma das maiores incorporadoras brasileiras, mas começou a enfrentar dificuldades financeiras a partir de 2012. Em 2017, passou por uma recuperação judicial, mas não se reergueu. No terceiro trimestre, registrou prejuízo de R$ 274,4 milhões, piora de 22% em relação às perdas do mesmo período do ano anterior.

Com o fato relevante do dia 19, a PDG publicou anexa a proposta que teria recebido da SHKP. No texto em português, a “Proposta Não Solicitada para Aquisição de Ações de Emissão da Companhia” —assinada por Chen Wei, que se apresenta como diretor de fusões e aquisições do grupo de Hong Kong— diz que a companhia está engajada “em uma forte campanha de internacionalização”, por meio da “aquisição e reestruturação de empresas em dificuldades”.

O suposto texto da SHKP afirmava que a PDG “ainda possui bons ativos em seu balanço patrimonial e um potencial considerável para possíveis lançamentos”, com destaque para o banco de terrenos no estado de São Paulo.

“Mesmo que a empresa esteja passando por um momento difícil, entendemos que o pior já ficou para trás, e os ativos atuais, aliados à marca reconhecida e à capacidade de aquisição, estão em sinergia com o atual momento da SHKP global”, diz o texto. A oferta de US$ 29,6 milhões –ou R$ 171,68 milhões ao câmbio de R$ 5,80– considera o valor de R$ 0,985 por ação, ou quase dez vezes o valor do papel da PDG.

Na ocasião, a PDG esclareceu no fato relevante que se tratava “de proposta não solicitada e que não houve qualquer contato entre a administração da companhia e o remetente da proposta até o momento”.

A Folha enviou mensagem para o endereço eletrônico de Chen Wei, que assina a proposta, mas o email voltou com a mensagem de “não encontrado”. A reportagem entrou em contato com o grupo asiático por meio da sua assessoria de imprensa, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.

A PDG, por sua vez, afirmou que só se pronuncia por meio dos fatos relevantes já publicados.

Questionada pelo serviço em informações em tempo real Broadcast, do Grupo Estado, a SHKP negou no dia 21 ter feito uma proposta pela PDG.

Nesta sexta, a construtora brasileira publicou outro fato relevante, dizendo ter tomado conhecimento da notícia e que “está apurando a origem do expediente recebido, bem como o teor das notícias veiculadas para, se for o caso, buscar todas as medidas legais para sua proteção”.

Com ações negociadas na Bolsa de Hong Kong, a SHPK é um grande grupo asiático, que vai além da incorporação imobiliária. Em 2024, registrou lucro líquido de 19,04 bilhões de dólares de Hong Kong (R$ 14 bilhões). Atua em seis segmentos: vendas de imóveis, aluguel de imóveis, telecomunicações, operação de hotéis, infraestrutura de transporte e logística, e outros negócios (que incluem lojas de departamentos e supermercados). Tem atividades em Hong Kong, na China continental e em Singapura.



Leia Mais: Folha

spot_img

Related articles