Tarifas globais de Trump: entendendo suas consequências – 03/04/2025 – Mercado

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Em seu “Dia da Libertação”, Donald Trump fez longa arenga contra vários países e anunciou tarifas contra importações de todo o mundo. Na prática, sua ordem executiva cria uma tarifa mínima de 10% para que bens ingressem no mercado norte-americano, com alíquotas mais elevadas para exportadores relevantes como China (34%), Japão (24%) e Europa (20%).

O cálculo para essas tarifas derivou, depois de desentendimentos entre a equipe trumpista, de uma fórmula simples: tomaram o déficit com cada país, dividido pela quantidade de bens importada pelos EUA, dividindo-se por dois. Os mais prejudicados acabaram sendo países pobres que compram pouco dos EUA: Vietnã, Camboja, Bangladesh.

No ideário trumpista, a elevação de tarifas obrigaria ao retorno de manufaturas ao solo norte-americano, enquanto o ingresso sobre US$ 3,3 trilhões (R$ 18,8 trilhões) por ano aliviariam outros tributos.

Tais resultados são vistos com ceticismo por economistas sérios. O que, sim, deve ocorrer é um tributo regressivo sobre lares norte-americanos, calculados em US$ 1.200 (R$ 6.835,20) por ano (antes do último tarifaço) pelo Peterson Institute.

Independentemente de seus impactos internos, as novas tarifas afetam a dinâmica do comércio internacional, uma vez que a participação dos EUA alcança 25%. E alguns efeitos são previsíveis.

Primeiro, cria-se instabilidade para cadeias globais de produção que se consolidaram nas três últimas décadas. Além dos custos majorados, a instabilidade suspenderá investimentos que aguardarão o cenário cambiante de Trump.

Em segundo lugar, práticas de triangulação por mercados menos tarifados serão alternativa comercial. Acresça-se desvio de comércio de bens para mercados emergentes, com aumento de prática de dumping.

O resultante aumento do protecionismo pode fragilizar ainda mais as regras multilaterais, em detrimento dos mercados menores e dependentes de exportações. Como hipótese otimista, poderia haver revalorização de acordos comerciais e oportunidades em mercados que se abrirão.

Neste cenário, o Brasil acabou sendo menos prejudicado, graças a sua lerdeza em promover abertura comercial. Com uma economia menos integrada ao mundo, o Brasil pode ainda se beneficiar de nichos de mercado nos EUA, em que concorre com países que enfrentarão tarifas mais altas.

Além disso, podem existir oportunidades (como ocorreu em 2017) nos países que elevarem tarifas contra commodities agrícolas norte-americanas.



Leia Mais: Folha

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