A tarde em que assei (queimei) pizza num forno profissional – 30/05/2025 – Cozinha Bruta

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Criança que brinca com fogo faz xixi na cama, diziam as mães de antanho.

Numa leitura menos literal, é o apelo materno para manter a prole longe dos riscos do desafio. Do perigo de se ferir, não necessariamente com queimaduras, ao se jogar de cabeça num ambiente ou tarefa que você não domina bem.

Já aconteceu uma pá de vezes comigo. Com todo mundo. Em boa parte dessas vezes, você se estrepa e se mija todo à noite. Em algumas delas, porém, você sai por cima. E aí é só alegria.

Brinquei com fogo num sábado desses, ao topar fazer pizza para uma galera em forno profissional, num estúdio de gravação da zona oeste.

Fogo, fogo mesmo, não tinha. A besta que me meti a operar atende por Effeuno P134H, é uma máquina elétrica fabricada na Itália. Funcionando no talo, bate nos 500 graus de temperatura —15 acima do máximo recomendado para assar pizzas napolitanas.

O dono da criança se chama Rafael Capanema e é colaborador aqui do caderno Comida. É tão maluco por pizza que trouxe o Effeuno na bagagem quando voltou a morar no Brasil, vindo da Espanha.

Tenho brincado de fazer pizza há mais de 20 anos. Obtive alguns bons resultados, mas sempre com improviso e equipamento caseiro.

Dirijo meus Fiats com o cotovelo na janela; agora estava com as duas mãos no volante de uma Ferrari.

O Rafa abriu os trabalhos com uma marinara e, com toda sua experiência, não conseguiu evitar torrar uns pedaços da borda. Depois veio a marguerita e aquele empurrãozinho do instrutor no paraquedista: “Quer tentar agora?”

Suor. Consegui deslizar a pizza direitinho para dentro do forno, primeiro sucesso. Com a fera a 500 graus, tudo acontece rápido demais. Piscou, virou carvão. Tirei minha primeira criança chamuscada, mas perfeitamente comível.

Para sair mais ou menos bonito na foto, propus uma pizza a quatro mãos com o Capanema. Ele abriria a massa —sou uma catástrofe para moldar círculos com as mãos—, eu cuidaria da cobertura e do forno.

Como levara alguns ingredientes inusitados para a pizzada, mandei ver numa cinco queijos: muçarela, provolone, taleggio, minas meia cura e brunost, queijo marrom que uma amiga trouxe da Noruega.

Queimei um pouco a borda, como previsto, mas ficou delícia. A receita, me perdoem, está aqui mais para o registro —a não ser que alguém aí tenha um forno desses.

Mãe, não fiz xixi na cama. E fecho com outro ditado: quem não arrisca não petisca.


Pizza cinco queijos

Ingredientes

240 g de massa de pizza crua

3 colheres (sopa) de tomate pelado triturado com sal

100 g de queijos variados

Orégano a gosto

Farinha para abrir a massa

Preparo

Aqueça o forno entre 450 ºC e 500 ºC

Numa bancada enfarinhada, abra a massa com as mãos até obter um disco com cerca de 30 cm de diâmetro

Transfira a massa para a pá de pizza. Distribua o tomate, deixando um aro externo de 1 cm sem cobertura. Espalhe os queijos sobre o tomate e salpique orégano

Deslize a pizza para o forno e asse por 1 minuto ou um pouco mais


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