José Marques
Documento apreendido pela Polícia Federal que fundamentou as prisões preventivas na sétima fase da Operação Sisamnes, desta quarta-feira (28), lista os serviços oferecidos pelo grupo denominado C4, que significa “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
A PF afirma que esse grupo, composto por militares (da ativa e da reserva) e civis, seria “dedicada à prática de crimes graves, especialmente espionagem e homicídios sob encomenda, entre elas o advogado”.
Eles cobravam, de acordo com o documento, valores de R$ 50 mil para atuar contra “figuras normais”, R$ R$ 100 mil contra deputados, R$ 150 mil contra senadores e R$ 250 mil contra “ministros/Judiciário”. Uma das pessoas citadas nas anotações do grupo era o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
As investigações ainda apuram se esses valores eram apenas de espionagem ou envolviam outros serviços. Em conversas de Whatsapp, eles também falavam a respeito de execuções.
Para a prestação de serviços, eles afirmavam ter especialistas em informática, uma equipe de inteligência nacional e pessoas relacionadas à Receita Federal. Também diziam ter armamento pesado, inclusive fuzis com silenciador e lança rojão.
O documento ainda aponta custos para o serviço como “utilização de garotas e garotos de programa – iscas”, “material de disfarce – perucas, bigodes etc” e dois drones, além de carros com placas frias.
Por determinação do ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal), foram cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, quatro mandados de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais.
A nova fase tem o objetivo de investigar os possíveis mandantes e eventuais coautores do homicídio do advogado Roberto Zampieri, em 2023, em Cuiabá. Zampieri foi morto dentro do carro, com dez tiros, em frente ao seu escritório na capital mato-grossense.
No celular de Zampieri, foram encontradas conversas com desembargadores, empresários e com o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que intermediava as negociações com servidores do STJ.
Entre os presos preventivos na operação desta quarta está Anibal Manoel Laurindo, apontado pela polícia de Mato Grosso como o suspeito de ser mandante do assassinato. Ele tinha interesses em uma disputa de terra que ocorria na Justiça local.
Procurada, a defesa de Anibal disse que ainda está analisando a situação do cliente e se manifestará depois.
Também foram alvos do mandado o coronel reformado do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que era suspeito de intermediar o crime. Caçadini já estava preso, e sua defesa diz que ele está doente.
Também foi alvo o pedreiro Antônio Gomes da Silva, suspeito de ser o autor dos disparos, e o instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa. A reportagem não localizou a defesa de Antônio, e a de Hedilerson ainda não se manifestou.
Nesta quarta, também são cumpridas medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato e saída do país e o recolhimento dos passaportes de outras quatro pessoas.