Áudio de Antonio Cicero lendo toda sua obra será lançado – 23/05/2025 – Walter Porto

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Em dois dias de junho e um de agosto do ano passado, poucos meses antes de morrer, o poeta Antonio Cicero foi a um estúdio no Rio de Janeiro para fazer algo que nunca havia feito antes: gravar todos os seus livros de poesia em áudio.

As gravações vão virar um audiolivro inédito que sairá em julho, em simultâneo com a antologia “Fullgás”, que reúne a obra completa de poesia que Cicero publicou em vida, além de poemas e letras esparsas.

A gravação foi produzida por Adriana Calcanhotto, Arthur Nogueira e Marcelo Pies, viúvo do autor. No áudio, ele lê apenas os livros, com o material esparso deixado apenas para as páginas. Cicero tinha uma posição firme de que letra era uma coisa e poesia era outra —tinham objetivos e funcionamentos bem diferentes.

Ainda faz sentido abarcar tudo isso na coletânea —inclusive, intitulando-a com uma de suas letras mais populares, na voz da irmã Marina Lima— porque há um fio condutor comum a toda a obra de Cicero, segundo Alice Sant’Anna, sua editora na Companhia das Letras.

“Ele fala sobre amor com um homoerotismo muito presente, com o desejo do encontro e a percepção de que tudo é veloz. Há um desejo de viver a vida plena, viver o agora intensamente”, diz ela, lembrando que a coleção de ensaios de Cicero que saiu em dezembro, já após sua morte, se chamava “O Eterno Agora”.

Cicero participou da elaboração das duas edições póstumas lançadas pela Companhia, ainda que tenha avançado mais nos ensaios. Ficou famosa a história de que aprovou a capa e a orelha de “O Eterno Agora” na véspera de sua morte em outubro, por suicídio assistido na Suíça. Agora fica cada vez mais evidente que quis deixar muitos suvenires à posteridade.]

ALIÁS Outra poeta reconhecida, Laura Erber, está também prestes a lançar um livro de ensaios em agosto. “Pequenos Fogos”, uma coleção de escritos descrita pela autora como bastante excêntrica, vai sair pela Relicário.

SERRA PELADA Um pouco mais adiante, no ano que vem, a Companhia das Letras põe suas fichas em duas criações em quadrinhos inspiradas em situações reais. Primeiro, o mineiro Gidalti Jr., que já venceu o Jabuti por “Castanha do Pará”, lança uma história baseada em extensa pesquisa sobre o garimpo no norte do país, chamada “Todo o Ouro da Amazônia” —tema que ressoará com quem está tocado pela notícia da morte de Sebastião Salgado.

TERRA No mesmo ano, a editora traduz o mais recente vencedor do Pulitzer de autobiografia, na primeira vez que esse prêmio foi concedido a um quadrinho desde “Maus”, de Art Spiegelman. “Feeding Ghosts”, traduzível como “alimentando fantasmas”, conta a história de três gerações de mulheres da família da autora, a estreante Tessa Hulls, cobrindo da China aos Estados Unidos.

GÊNESIS E a Tinta-da-China Brasil está revivendo um projeto que começou lá na Cosac & Naify, há mais de uma década. O romance “Mal Aria”, escrito pela alemã Carmen Stephan e contado do ponto de vista de um mosquito transmissor de malária, começou a ser traduzido por Claudia Abeling quando a editora fechou. Agora a nova editora-executiva da casa, Sofia Mariutti, pediu para ela retomar o trabalho com vistas a uma publicação em 2026.


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