Marcelo Ribeiro
Em relatório encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, a Polícia Federal aponta que o ex-ministro Walter Braga Netto era figura central nos planos para desacreditar o resultado das eleições de 2022.
Com base em dados encontrados no celular do coronel da reserva Flávio Peregrino, a PF acredita que foi reforçada a percepção de que o candidato à vice-presidência na chapa encabeçada por Jair Bolsonaro e aliados atuaram na produção de conteúdo falso sobre fraudes e inconsistências nas urnas eletrônicas.
Ao longo de 135 páginas, o relatório traz uma série de mensagens que indicam que Braga Netto e seus aliados trabalharam no planejamento e na execução de diversas ações com o objetivo de subverter o regime democrático.
Ao analisar o grupo de troca de mensagens nomeado Eleições 2022@, formado por Braga Netto, pelo major Angelo Denicoli, pelo coronel Franco Duarte e pelo deputado Osmar Serraglio, a PF concluiu que as teses debatidas por eles sustentaram o pedido do PL de revisão da votação do segundo turno da corrida presidencial de 2022, o que, além de ter sido rejeitado pelo TSE, levou o partido a levar uma multa de quase R$ 23 milhões sob acusação de má fé.
O grupo também teria produzido, de acordo com análise da PF, informações falsas sobre o sistema eleitoral, que foram repassadas a influenciadores, como Fernando Cerimedo e Alfredo Rodrigues, para que o conteúdo se disseminasse nas redes.
Além disso, o documento endereçado a Moraes traz elementos que indicam que o entorno do ex-ministro atuou para ter acesso ao conteúdo do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da ação penal que apura a trama golpista.