O cineasta dissidente iraniano Jafar Panahi foi aclamado por seus admiradores em seu retorno a Teerã nesta segunda-feira (26) após ganhar o principal prêmio no Festival de Cannes, segundo imagens publicadas nas redes sociais.
Panahi, de 64 anos, recebeu a Palma de Ouro por “Um Simples Acidente”, um filme contra o poder dos aiatolás, rodado clandestinamente, que conta a trama de cinco iranianos que confrontam um homem que acreditam que os torturou na prisão.
Temia-se que Panahi tivesse problemas ao voltar ao Irã, mas ele chegou sem incidentes ao principal aeroporto internacional de Teerã no início desta segunda-feira. Foi recebido com aplausos por simpatizantes que o esperavam no aeroporto, segundo imagens publicadas pelo observatório de direitos humanos Dadban nas redes sociais.
Pode-se ouvir uma pessoa gritar “Mulher, Vida, Liberdade”, o lema do movimento de protesto de 2022 e 2023 que desafiou as autoridades iranianas.
Ao sair, foi recebido por mais apoiadores, segundo imagens publicadas no Instagram pelo diretor iraniano Mehdi Naderi e divulgadas pelo canal Iran International Channel, um veículo iraniano com sede no exterior. É possível ver Panahi sorrindo, saudando com a mão e recebendo flores.
Essa recepção calorosa contrasta com a fria reação dos meios de comunicação estatais e dos dirigentes do país após sua vitória em Cannes. Embora mencionado pela imprensa do governo e pela agência de notícias Irna, a vitória de Panahi recebeu uma cobertura escassa dentro do Irã, além de desencadear um conflito diplomático com a França.
O Irã convocou o encarregado de negócios francês em Teerã para protestar contra os comentários entendidos como ofensivos do chanceler francês, Jean-Noël Barrot, que criticou o regime iraniano em uma mensagem no X.
Panahi, preso duas vezes em seu país e perseguido pelo governo, pôde ir a Cannes pela primeira vez em 15 anos. Assim como seus filmes anteriores, ele filmou “Um Simples Acidente” clandestinamente.