Luany Galdeano
A próxima prova do CNU (Concurso Público Nacional Unificado) terá código de barras para facilitar a identificação e evitar erros de preenchimento do cartão-resposta que levaram candidatos a contestarem a primeira edição na Justiça.
Além disso, o termo com os primeiros detalhes da segunda edição do concurso pode sair em abril, devido à demora na aprovação da LOA (Lei Orçamentária Anual), informou a ministra Esther Dweck, de Gestão e Inovação, em entrevista concedida à Folha na última quinta-feira (27).
Segundo ela, o termo de referência para contratar a banca do próximo CNU está previsto para sair na primeira quinzena de abril. Isso abre brecha para que a publicação do edital seja empurrada para maio, dois meses depois do previsto inicialmente.
Na primeira edição do certame, o termo de referência foi publicado em novembro de 2023 e o edital saiu em janeiro.
“Quando falei do edital, tinha esquecido que há uma etapa anterior, que é o TR [termo de referência] para o chamamento das possíveis bancas. A gente deve soltar ainda no mês de abril o TR, que já dá uma ideia do que será o concurso para aí, sim, selecionar a banca e publicar o edital”, diz Dweck.
O termo vai informar ainda o número de vagas e outras mudanças do certame, de acordo com a ministra. Entre as novidades da prova está a inclusão de códigos de barras, que visa reduzir erros ocorridos no último concurso. Além disso, será um edital único para prever o conteúdo dos oito blocos, diferentemente da última versão do certame, que contou com oito editais.
Neste ano, a ministra já tinha anunciado que a segunda edição do CNU trará duas novas carreiras, uma sobre desenvolvimento socioeconômico e outra para desenvolvimento das políticas de justiça e defesa.
O primeiro CNU, ocorrido em agosto do ano passado, foi o maior concurso público da história. Foram 2,1 milhão de inscritos, dos quais 970 mil fizeram a prova. Eles disputaram 6.640 vagas para 21 órgãos federais, com salários iniciais de até R$ 22,9 mil.
Assim como ocorre no Enem, as provas do CNU têm cartão-resposta e caderno de provas. Todos os cadernos são enumerados e a ordem das questões varia, para evitar cola. Para fazer a equivalência entre cartão-resposta e prova, os candidatos precisavam preencher no cartão uma frase e o número do gabarito, que estavam no caderno de prova.
No entanto, alguns participantes não fizeram o preenchimento da forma correta. Em agosto, quando a prova foi aplicada, o Ministério da Gestão e Inovação anunciou que esses candidatos seriam eliminados. Mas, em novembro, a Justiça Federal cancelou a exclusão.
“No início, não tínhamos nenhuma dúvida quanto à exclusão de quem não marcou [o cartão]. Mas, depois do processo judicial, entendemos que o melhor era um acordo para incluir as pessoas”, afirma a ministra.
Dessa vez, o código de barras será lido pela máquina, que vai identificar qual prova pertence a cada cartão de resposta.
A seleção também foi marcada por falhas como a de candidatos do Recife (PE), que receberam na parte da manhã os cadernos de prova que seriam aplicados à tarde. Também houve o caso dos inscritos para vagas de ATPS (analista técnico de políticas sociais). Na primeira versão do edital, o cargo não exigia prova de títulos –algo que contraria a lei da carreira. O erro foi corrigido, mas repercutiu entre os candidatos.
“Apesar dessas questões que geraram aprendizados importantes, o concurso foi homologado, não houve nenhuma decisão judicial nem nada grave suficiente para impedir a realização até o final”, disse.
LEI DAS GREVES
De acordo com a ministra, houve avanços na lei das greves, que visa reduzir o impacto da mobilização de sindicatos nos serviços públicos. A lei também vai tratar do direito à negociação salarial dos servidores. A expectativa é que ainda neste primeiro semestre o projeto seja encaminhado ao Congresso.
A lei vai definir, por exemplo, quais são as atividades essenciais que devem ter continuidade em meio às greves e uma exigência mínima de servidores para manter essas atividades funcionando.