Do ‘maior gol da direita’ ao tarifaço de Trump: a sinuca de bico de Bolsonaro

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Laryssa Borges

Donald Trump estava prestes a ser oficializado candidato ao governo dos Estados Unidos em 2024 quando disse pela primeira vez ao deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que colocaria o ministro Alexandre de Moraes em sua lista de prioridades caso fosse eleito para um segundo mandato na Casa Branca.

Fiel à cartilha do republicano, Jair Bolsonaro nunca escondeu que apostava as fichas no retorno do trumpismo para fazer frente a Moraes, responsável pelo caso que pode condená-lo a até 40 anos de cadeia por golpe de Estado.

Ao longo dos últimos dias, em duas postagens em sua rede social, Donald Trump enfim partiu para cima do Supremo como prometera e classificou o processo em que o aliado é acusado de tramar um golpe de Estado de “caça às bruxas” do Judiciário brasileiro.

“O post de Trump foi o maior gol da direita desde a derrota nas eleições”, disse a VEJA um auxiliar do ex-presidente. Àquela altura o clima era de euforia e desencadeou articulações – e expectativa entre bolsonaristas – para que o próximo passo fosse o anúncio de sanções diretas a Moraes. “Ele tirou a caneta de Rubio e chamou a responsabilidade para si”, continuou o mesmo interlocutor.

Em maio, o secretário de Estado americano Marco Rubio anunciara haver “grande possibilidade” de Alexandre de Moraes ser alvo de sanções econômicas por alegadas violações de direitos humanos, como determinar a derrubada de contas de militantes de direita em redes sociais. No dia seguinte, porém, a caneta foi de outra natureza: o republicano promoveu um tarifaço contra o Brasil.

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Na quarta-feira, 9, em uma postagem em sua rede social, Trump publicou que produtos brasileiros serão submetidos a uma tarifa extra de 50% a partir de agosto e justificou a ofensiva como resposta a uma pretensa perseguição judicial contra Bolsonaro, resumida por ele como uma “vergonha internacional”, uma “caça às bruxas” que precisa ser estancada IMEDIATAMENTE – assim mesmo, em letras garrafais. No Supremo, a ofensiva de Trump não mudou um milímetro a disposição de julgar Bolsonaro entre o final de agosto e o início de setembro.

No mesmo dia em que Donald Trump postou a primeira mensagem de apoio a Bolsonaro, Alexandre de Moraes atendeu a um pedido da Polícia Federal e determinou a prorrogação por mais 60 dias do inquérito em que Eduardo Bolsonaro é investigado pelos crimes de coação, obstrução de justiça e abolição do Estado Democrático por articular junto aos Estados Unidos sanções contra o ministro. Moraes também avançou com o processo da trama golpista e marcou o depoimento de testemunhas de réus que, entre outros pontos, são acusados de planejar o assassinato do presidente Lula e do próprio juiz do STF.

No campo político, setores conhecidamente simpáticos ao capitão criticaram o tarifaço. A Frente Parlamentar da Agricultura, por exemplo, disse que “a nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”.

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O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, que almoçou com Bolsonaro um dia depois do anúncio de Trump, admitiu que a medida do presidente americano terá “impacto negativo” para o estado que governa e atinge “empresas importantes, como, por exemplo, a Embraer, que fechou grandes contratos agora recentemente”.

Ainda que os filhos de Bolsonaro tenham tentado interpretar a reação da Casa Branca de forma positiva – Eduardo e Flávio Bolsonaro foram às redes com o slogan ‘Make Brazil free again’, enquanto o próprio ex-presidente elogiou a “firmeza” e a “coragem” do republicano – o fato é que ninguém saiu ganhando.

O Supremo julgará Bolsonaro do mesmo jeito, o setor produtivo segue apreensivo com as consequências das novas tarifas, e o presidente Lula deixou aberta a possibilidade de aplicar o princípio da reciprocidade econômica contra produtos americanos.



Leia Mais: Veja

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