Episódio com Marina mostra o tamanho da misoginia…

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Marcela Rahal

‘Se ponha no seu lugar’, disparou o senador Marcos Rogério (PL-RO) contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, nesta tarde. A fala machista foi endossada por outros comentários sexistas de parlamentares que estavam na sessão.

Quem também participou do show de horror com ofensas contra uma das ambientalistas mais respeitadas do país foi o senador Plínio Valério (PSDB-AM) que, sem constrangimento, falou em alto e bom som – depois que Rogério tentou se explicar dizendo que o lugar ao qual ele se referia era o de Marina como ministra de Estado: – “mulher merece respeito e a ministra, não”.

E detalhe, o tucano é aquele mesmo que em março disse que tinha vontade de enforcá-la. Parece mentira, mas não é. O senador, como se não bastasse uma vez, repetiu outro absurdo contra a ministra que pediu que ele se retratasse. Ele não pediu desculpas. Marina então deixou a Comissão.

Agora, pra quê uma audiência dessa? Onde a convidada não pode falar. É silenciada e desrespeitada. É revoltante (ou deveria ser) ver as cenas protagonizadas pelos senadores hostilizando e constrangendo uma mulher daquela forma numa sessão no meio do Congresso Nacional.

Teve ainda um terceiro senador que foi, na verdade, quem começou o embate com Marina. Sem provas, Omar Aziz (PSD-AM) disse que ela atrapalhava o desenvolvimento do país e a acusou de apresentar dados ambientais falsos para, supostamente, prejudicar obras.

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A sensação para quem acompanhou a cena é de que os parlamentares usaram a sessão para desopilar a raiva contra uma ministra de Estado que tenta zelar minimamente pelo meio ambiente, depois da aprovação de uma lei na própria Casa que libera obras sem critérios rígidos. O senador Marcos Rogério até chegou a cortar o microfone da ministra algumas vezes. Os congressistas nem se constrangeram, pelo contrário, pareciam um dar apoio ao outro. Até na base do governo, quase ninguém saiu em defesa de Marina. Foi um espetáculo triste e chocante.

Situações como essa nos mostram o quão machista e misógino é o nosso Congresso Nacional, composto por muitos parlamentares que, de tão preconceituosos, não conseguem nem reconhecer que são.



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