Eles mamam, tomam remédio e ganham festinhas de aniversário. Não estamos falando de crianças de verdade. São os bebês reborn.
Nas últimas semanas, viralizaram na internet vídeos de mulheres dando banho, alimentando e levando ao médico réplicas hiper-realistas de bebês. Poderia ser só mais uma excentricidade da internet, como homens que colecionam action figures ou se casam com bonecas de silicone. Como são mulheres, virou aberração, pauta de programa matinal e até alvo de fake news.
Nos grupos de WhatsApp, já circulam boatos de que “mães” de bebês reborn estariam usando fila preferencial e exigindo atendimento médico. Com poucas prioridades, a deputada Rosângela Moro apresentou um projeto para regular o atendimento desses pais no SUS. Como se a sociedade inteira já não estivesse doente.
Ao contrário do que muitos pensam, os bebês reborn não são o problema. Aliás, são a solução. Muitos seres humanos poderiam perfeitamente ser substituídos por réplicas realistas de plástico. Muitas vezes, seriam até melhores do que sua versão de carne e osso.
Um influenciador reborn faria tranquilamente os mesmos posts com a vida perfeita em cenários paradisíacos. Com a diferença de que não diria que conseguiu seus glúteos empinados com chá emagrecedor. Muito menos fingiria ganhar dinheiro apostando em Jogo do Tigrinho e, depois, se fingiria de tonto na CPI das BETS.
Em algumas igrejas, pastores e padres reborn viriam a calhar. Não tentariam fazer cura gay, não inventariam absurdos como “eu nasci sem o tímpano e Deus me curou”, nem dariam carteirada em loja.
O nutricionista reborn não mudaria de opinião a cada lua minguante, nem diria que “uma porção de fritas equivale a quinze cenouras e meio câncer”. Deixaria seus pacientes mais saudáveis do que muitos especialistas reais. O pai reborn também seria mais presente do que muitos pais reais. Não sumiria, não daria cano no aniversário. Estaria fisicamente e emocionalmente mais presente do que 50% dos pais brasileiros. Seria o boneco mais pedido no Natal.
Por fim, talvez o mais necessário: uma versão reborn de nós mesmos. Que não trabalha 14 horas por dia, não pega duas horas de trânsito, nem tem burnout. Só fica em casa, embaixo da manta, tirando um cochilo delicioso. Peça já o seu!
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