Marcela Rahal
O diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Luiz Fernando Corrêa, acaba de mudar seu advogado de defesa no inquérito da Polícia Federal que investiga espionagem ilegal praticada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. No caso que ficou conhecido como ‘Abin paralela’, o ex-governo praticava arapongagem contra adversários políticos.
Correa é acusado de obstrução de justiça por impedir as apurações sobre o uso indevido dos sistema de monitoramento FirstMile. À época, segundo o relatório da PF, o delegado chegou a dizer ‘a montanha vai parir um rato’, minimizando os resultados das investigações. Ainda, segundo a instituição, o diretor-geral tinha conhecimento das irregularidades da gestão anterior e não atuou para frear as ações clandestinas.
O advogado criminalista Bruno Salles, um dos coordenadores do grupo Prerrogativas, e sócio do escritório Salles Ribeiro, Palazzi e Martins Advogados, assume a defesa de Correa, em conjunto com o advogado Pedro Almeida Castro. Salles foi responsável pela defesa do ex-Procurador-Geral da República Rodrigo Janot e da ex-ministra Cida Gonçalves, em ambos os casos, as investigações foram arquivadas.
Segundo o advogado, ‘o próprio relatório mostra que não houve obstrução de justiça e que seu cliente atuava pelos interesses da Agência e preservação dos funcionários’. Além disso, destacou à coluna, houve uma preocupação de Corrêa para que uma lista de agentes que usam o FirstMile de forma legal fosse divulgada de maneira seletiva. Outro ponto alegado pela defesa é de que o delegado tem sofrido resistência dos colegas da Abin depois que implementou um protocolo de rastreabilidade para impor regras no uso da ferramenta.
Vale ressaltar que, de acordo com o relatório da PF, a ex-corregedora da Agência, responsável pela denúncia, foi indicada pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno e também era esposa do delegado-geral de investigação da Polícia Federal, responsável pelo relatório. O caso está sendo analisado pela PGR que ainda vai decidir se vai apresentar uma denúncia contra o diretor-geral ao Supremo Tribunal Federal.



