No Borgo Mooca, hype não se converte em boa comida – 23/04/2025 – Restaurantes

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Priscila Pastre

“Sua escolha de horário, das 19h ou 19h30, permitirá uma permanência até as 21h30.”

O “aviso importante” foi enviado por WhatsApp pelo Borgo Mooca, após a confirmação da reserva. Soa rude e o impulso é desmarcar. Mas aí você reconsidera. Quem sabe a comida seja tão boa a ponto de dar vontade de invadir a cozinha, lamber a panela de demi-glace e morar ali para sempre.

Essa ideia ganha força quando você lê o cardápio. O panteão dos ingredientes nobres está quase todo lá: trufas, foie gras, vieiras, carne wagyu. Altas expectativas se instalam.

Aí chega o primeiro pedido: carne cruda & vol-au-vent (R$ 88). Uma linda gema curada coroa essa entrada de filé-mignon cru cortado em cubinhos sobre queijo cremoso e pó de cogumelo porcini.

Altas expectativas se multiplicam. Mas aí você começa a mastigar. E tudo parece ter a mesma textura. A massa folhada é quase tão fria quanto o restante, e falta crocância. O resultado é enjoativo. E as expectativas murcham. Mas pode ter sido uma falha pontual. Então, aos pratos!

O bife à Wellington (R$ 158) soa como uma escolha necessária. Primeiro, porque é um paradigma do esmero gastronômico, geralmente feito por chefs que podem provar que são capazes.

Os principais desafios no preparo deste prato estão em não encharcar a massa folhada que envolve a carne, e acertar o ponto de cocção —com o interior vermelho e suculento.

Durante a visita, a receita também se destacava no menu com duas outras opções —uma preparada com foie gras (R$ 228) e outra com foie gras e trufas (R$ 280). A primeira versão, que foi a escolhida, chega à mesa com boa apresentação. No interior, o ponto está correto e a carne não encharca a massa folhada. Mas as qualidades terminam aí.

A proteína chega fria e falta-lhe suculência. A textura é borrachenta, difícil de mastigar. A presumida umidade do pobre filé-mignon parece ter sido sugada, e as expectativas se convertem em decepção.

No setor das massas, a experiência é parecida. O raviolo de bacalhau (R$ 98) tem massa fresca, feita na casa. A gema escorre graciosamente no primeiro corte. Mas o recheio de lascas de bacalhau descrito no menu parece ficar só na promessa.

Figura como um creme que pode ter sido feito com um bacalhau desfiado qualquer. O destaque do prato, ironicamente, fica por conta dos dois brócolis chamuscados que o acompanham. Saborosos e crocantes.

No fim da refeição, a cozinha faz lembrar a mensagem enviada no momento da reserva. Não que essa seja prática incomum, só foi feita de forma deseducada, que soa pretensiosa —um clima que destoa dos comentários e posts descolados nas redes sociais.

Quanto ao horário limite para deixar a casa? Ele não foi mencionado pelo serviço, aliás, simpático e atento. Às 21h30, a casa tinha apenas 6 das 15 mesas ocupadas.



Leia Mais: Folha

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