O que esperar após tarifaço de Trump ao Brasil

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Matheus Leitão

 

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros já provoca reações em mercados e setores estratégicos da economia. A medida, que incide principalmente sobre exportações do agronegócio, acendeu um sinal de alerta não só no câmbio – o dólar disparou após o anúncio – como também nas cadeias produtivas e comerciais que conectam Brasil e EUA.

Segundo o advogado Felipe Bocayuva, especialista em comércio exterior, o tarifaço representa um risco bilateral com impacto direto na economia dos dois países.

“O Brasil, que já patina na sua política econômica interna, agora terá inimigos mais fortes para combater. Importamos mais de 40 bilhões de dólares dos EUA, incluindo máquinas agrícolas, computadores, celulares e outras tecnologias que precisamos para avançar. Com as tarifas, a perda dessa parceria certamente vai desequilibrar toda a cadeia produtiva e, muito rapidamente, esse desequilíbrio vai chegar ao consumidor final. Se não há consumo, a economia desaquece.”

Bocayuva também destaca que os Estados Unidos não saem ilesos da medida. “Toda a cadeia global de valor precisará ser reajustada. Mas o mundo inteiro sabe que não há café como o nosso, ferro como o nosso e nem proteína animal como a nossa.”

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Para além da economia

Embora o foco esteja nos desdobramentos econômicos, analistas políticos e diplomatas apontam que a medida de Trump carrega um conteúdo simbólico e estratégico mais amplo. O gesto foi lido por autoridades brasileiras como um movimento provocador e, para alguns, até ideológico, com reflexos sobre a estabilidade institucional do país.

A tensão se intensificou após a carta enviada por Trump ao governo brasileiro, devolvida pelo Itamaraty por conter “inverdades” e por ser considerada “ofensiva”. O gesto foi interpretado como uma tentativa de deslegitimar instituições brasileiras, com forte viés político.

Setores do agronegócio, que historicamente mantêm boa relação com os EUA, se viram surpreendidos. Há temor quanto à possibilidade de retaliações mútuas, interrupções logísticas e aumento de custos que podem chegar ao consumidor brasileiro. Parlamentares já falam em reação firme, mas cautelosa.

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Alerta

Mais do que uma disputa tarifária, o episódio reacende um debate sobre como relações comerciais podem ser afetadas por climas políticos globais. Especialistas em relações exteriores veem no gesto de Trump uma inflexão perigosa: a transformação de tarifas em armas de pressão política.

Para o Brasil, resta administrar os danos, tentar preservar as pontes diplomáticas e proteger setores estratégicos da economia de um impacto que pode ser duradouro. Em especial se as tarifas não forem revertidas a curto prazo.



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