Josué Seixas
Foi encontrado, no começo da tarde desta terça-feira (15), o corpo da recém-nascida Ana Beatriz Silva de Oliveira, de 15 dias, na casa da família, no município de Novo Lino, no interior de Alagoas. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública do estado.
O caso, que inicialmente foi tratado como um sequestro, teve uma reviravolta nesta segunda-feira (14), quando a mãe da criança, Eduarda Silva de Oliveira, 22, deu outras quatro versões diferentes sobre o sumiço da filha.
Imagens da TV Ponta Verde mostraram que Eduarda estava na casa e apontou o local em que estava a bebê. Ela desmaiou em seguida e foi levada em uma ambulância.
“Já já, estaremos todos numa coletiva. A gente ainda tinha esperança de encontrar a criança e, acreditando de qualquer forma na cliente, em toda essa dinâmica, mesmo com tudo isso. Foram várias versões. Passamos duas horas, e ela mantendo a mesma versão, mas, em nome de Deus, chegou agora a verdade. Sou pai, tenho três filhos em casa”, disse, emocionado, o advogado de defesa, José Wellington de Oliveira, aos repórteres no local.
Na primeira declaração, ainda na sexta, Eduarda afirmou que a bebê havia sido levada por quatro pessoas armadas —três homens e uma mulher— enquanto ela aguardava um transporte para levar o filho mais velho, de 5 anos, à escola, em um ponto às margens da BR-101.
Segundo a mãe, um dos suspeitos teria apontado uma arma e arrancado a criança de seus braços antes de fugir em um carro.
De acordo com os delegados João Marcello e Igor Diego, que coordenam a investigação pela Dracco (Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), a mulher foi confrontada com depoimentos de testemunhas e imagens de câmeras de segurança e acabou apresentando outras quatro versões.
A última delas foi a de que teria sido vítima de estupro durante uma invasão à sua casa, seguida do sequestro da bebê —hipótese já descartada pela polícia.
“Pegamos imagens de câmeras e ouvimos três testemunhas. Todas disseram que a mãe saiu de casa direto para a residência de uma vizinha, sem a criança, e que nenhum veículo suspeito passou em baixa velocidade pela via”, afirmou o delegado João Marcello. Nenhum sinal de invasão à casa ou gritos foram registrados nas redondezas.
O pai da bebê, Jaelson da Silva Souza, 25, que estava trabalhando em São Paulo, retornou a Alagoas para acompanhar o caso. À Folha Jaelson disse que soube do que aconteceu por um amigo e enviou à reportagem um áudio da esposa, em que ela contava o que aconteceu. Na gravação, a esposa dava a mesma versão apresentada à polícia inicialmente sobre o suposto sequestro.
O desaparecimento comoveu moradores da cidade, que organizaram correntes de oração e acompanharam as buscas pela menina.
Considerando a hipótese de sequestro, a polícia chegou a prender um homem em Vitória de Santo Antão (PE), por dirigir um carro do mesmo modelo e cor descritos por Eduarda. O suspeito foi liberado após comprovar que era despachante do Detran e que seu veículo não tinha ligação com o caso.